- Alice Diop apresenta o curta-metragem “Fragments for Venus” no Festival de Veneza.
- O filme faz parte da série “Women’s Tales” da Miu Miu e aborda a identidade negra feminina através da arte.
- A protagonista, interpretada por Kayije Kagame, reflete sobre a representação de mulheres negras na história da arte.
- A narrativa inclui a recitação do poema “Voyage of the Sable Venus”, de Robin Coste Lewis.
- Diop destaca a importância do figurino na narrativa, considerando a moda uma questão política e estética.
Alice Diop, cineasta francesa renomada, apresenta seu novo curta-metragem “Fragments for Venus” no Festival de Veneza. O filme, parte da série “Women’s Tales” da Miu Miu, explora a identidade negra feminina através da arte, unindo experiências pessoais e questões políticas.
A obra inicia com a famosa “Grande Odalisque”, de Ingres, e segue com uma série de obras de mestres como Leonardo da Vinci e Rembrandt. A protagonista, interpretada pela atriz Kayije Kagame, reflete sobre a possibilidade de um dia ser retratada em um museu. A narrativa é acompanhada por uma recitação do poema “Voyage of the Sable Venus”, de Robin Coste Lewis, que aborda a representação de figuras femininas negras na história da arte.
Diop, conhecida por seus documentários sobre comunidades marginalizadas, destaca a importância de seu novo trabalho. “Fiquei muito honrada com o convite”, afirma a cineasta, que encontrou inspiração na obra de Lewis enquanto lecionava em Harvard. O curta combina elementos documentais e ficcionais, refletindo sobre a marginalização das mulheres negras na arte.
Reflexões sobre a Identidade
A segunda parte do filme, ambientada no Brooklyn, retrata a vivência de mulheres negras em um espaço onde se sentem vistas e valorizadas. Diop menciona que essa experiência contrasta com sua vivência em Paris, onde a ideia de comunidade é frequentemente estigmatizada. “O filme é uma mistura de ideias teóricas e filosóficas sobre essas mulheres encontradas nas ruas”, explica.
O figurino, assinado pela Miu Miu, também desempenha um papel crucial na narrativa. Diop considera a moda uma questão política e estética, utilizando as roupas para questionar a representação de corpos não normativos. “Questionar a beleza da roupa em um corpo como o da Sephora é, aos meus olhos, praticamente uma declaração política”, afirma.
Diop espera que o público se aproprie das reflexões apresentadas no filme, que busca ir além de uma simples mensagem. “Espero que as pessoas consigam se aproximar da obra e levar dela algo semelhante ao que o texto da Robin me proporcionou”, conclui a cineasta.