Exposição em Londres revela a história impactante do biquíni ao longo de um século

A palavra biquíni ganhou notoriedade internacional em 1946, quando os Estados Unidos realizaram testes nucleares no atol de Bikini, nas Ilhas Marshall. O termo, que na língua local é Pikkini, remete à ideia de "superfície" e "coco". O designer francês Louis Réard registrou a palavra como marca de um maiô feminino de duas peças, que era tão pequeno que modelos se recusaram a usá-lo, sendo necessário contratar uma stripper para o lançamento.

A nova peça de vestuário gerou reações conservadoras, como a do jornal Le Monde, que a descreveu como "devastadora", e do governo espanhol de Francisco Franco, que a considerava uma "ameaça". No Brasil, o presidente Jânio Quadros vetou o uso do biquíni em 1960, em uma tentativa de moralizar o país. Essas reações apenas reforçaram o impacto cultural da moda praia, que será relembrada na exposição Splash! A Century of Swimming and Style, no Design Museum de Londres, de março a agosto de 2024.

A mostra destaca a evolução do vestuário de banho e seu papel na história da civilização. Embora não inclua muitas criações brasileiras, é impossível não mencionar a influência de Helô Pinheiro, a "garota de Ipanema", que simbolizou a beleza veranil nos anos 1960. A exposição também aborda a ousadia dos anos 1980, quando o estilista Cidinho Pereira lançou o modelo asa-delta, inspirado em tendências de Ibiza, e a popularização do fio-dental por modelos como Magda Cotrofe.

Os biquínis, mais do que simples trajes de banho, refletem mudanças sociais e culturais. Eles atuam como um termômetro das normas de comportamento e da liberdade feminina ao longo das décadas. A frase de Réard, "Um biquíni não é um biquíni se não puder passar por dentro de uma aliança de casamento", encapsula a ideia de que o biquíni é uma expressão de ousadia e beleza, simbolizando a luta contra tabus e a evolução dos costumes.