- Leonardo Lacca, estudante de comunicação, filmou seu avô, Seu Cavalcanti, a partir de 2003, usando uma câmera miniDV.
- O filme “Seu Cavalcanti” foi finalizado após a morte do avô em 2016 e explora temas de família e envelhecimento.
- A obra, uma “docuficção”, reflete sobre a evolução social do Brasil nas últimas duas décadas.
- A montagem do filme, realizada pelos irmãos Luiz e Ricardo Pretti, levou dez anos e transformou 20 horas de material em quase 60 horas.
- O longa é um tributo à vida comum e à arte de envelhecer, produzido de forma independente pela Trincheira Filmes.
Leonardo Lacca, um estudante de comunicação, iniciou em 2003 um projeto cinematográfico ao filmar seu avô, Seu Cavalcanti, com uma câmera miniDV emprestada. Após a morte do avô em 2016, o filme “Seu Cavalcanti” foi finalizado, explorando temas de família e envelhecimento.
O longa, que está em cartaz, é uma “docuficção” que mistura realidade e ficção, refletindo sobre a evolução social do Brasil nas últimas duas décadas. Lacca começou a filmar seu avô, um homem carismático de mais de 90 anos, como um exercício de curiosidade juvenil. Em 2008, as imagens foram utilizadas em vinhetas do festival Janela de Cinema do Recife, onde Seu Cavalcanti se tornou um ícone.
Processo de Criação
A montagem do filme, realizada pelos irmãos Luiz e Ricardo Pretti, levou dez anos. O material inicial de 20 horas cresceu para quase 60 horas. Lacca enfrentou desafios ao tentar categorizar o filme, percebendo que as imagens falavam por si mesmas. O resultado é uma obra que flui entre o real e o construído, com o avô atuando sua própria vida.
A morte de Seu Cavalcanti não interrompeu o projeto. Lacca incorporou a ausência na narrativa, refletindo sobre a dor e a presença do avô durante a edição. O som do filme, dublado pelo próprio avô, intensifica essa sensação de continuidade.
Contexto Social e Político
“Seu Cavalcanti” também registra indiretamente as transformações do Brasil, começando no governo Lula e passando por Dilma Rousseff. Lacca observa que o avô representa um personagem universal, capaz de dialogar com questões contemporâneas. O filme, produzido de forma independente pela Trincheira Filmes, contou com a colaboração de nomes como Kleber Mendonça Filho e Emilie Lesclaux.
O longa é mais que um filme; é um tributo à vida comum, uma reflexão sobre o tempo e a arte de envelhecer. Com duas décadas de dedicação, Lacca mostra que os melhores filmes podem surgir dos lugares mais inesperados, como o quintal da casa do avô.