Estudo revela o impacto profundo da gravidez no corpo feminino por mais de um ano após o parto

A pesquisa mais abrangente sobre as transformações fisiológicas que ocorrem no corpo feminino durante e após a gravidez foi publicada na revista Science Advances. O estudo analisou cerca de 44 milhões de medições fisiológicas de mais de 300 mil partos, revelando que as mudanças no corpo da mulher podem persistir por mais de um ano após o nascimento do bebê. A pesquisa, liderada por Uri Alon, do Instituto Weizmann, destaca que a recuperação pós-natal é um processo mais prolongado do que a sociedade costuma reconhecer.

Os dados foram coletados de registros médicos da maior provedora de saúde de Israel, abrangendo o período de 2003 a 2020. A equipe focou em mulheres de 20 a 35 anos que não estavam em tratamento medicamentoso ou com doenças crônicas. Foram analisados 76 testes comuns, incluindo colesterol, células imunes e indicadores de função hepática e renal, com medições realizadas até 4,5 meses antes da concepção e até 18,5 meses após o parto.

Os resultados mostraram que, no primeiro mês após o parto, 47% dos indicadores estabilizaram-se próximos aos valores pré-concepção, enquanto 41% levaram mais de 10 semanas para se normalizar. Indicadores de função hepática e colesterol, por exemplo, demoraram cerca de seis meses para se estabilizar, e alguns, como a saúde óssea e hepática, levaram até um ano. Além disso, 12% dos indicadores estabilizaram-se entre 4 e 10 semanas, mas alguns marcadores de inflamação e saúde sanguínea não retornaram aos níveis anteriores mesmo após 80 semanas.

Os pesquisadores sugerem que essa análise pode ajudar a identificar mulheres em risco de complicações comuns durante a gravidez, como pré-eclâmpsia e diabetes gestacional, antes da concepção. Essa abordagem pode revolucionar a forma como as condições de saúde relacionadas à gravidez são diagnosticadas e tratadas, oferecendo uma nova perspectiva sobre a saúde reprodutiva feminina.