- O filme “A natureza das coisas invisíveis”, de Rafaela Camelo, estreou no Festival de Cinema de Gramado na terça-feira (19).
- A obra aborda a morte e a transição de gênero na infância, focando na amizade entre duas meninas em um hospital.
- A diretora destacou a importância de tratar o luto identitário e escolheu uma atriz trans para o papel de Sofia.
- Rafaela Camelo mencionou que a pandemia a levou a incluir temas de amor e cuidado na narrativa.
- O filme está concorrendo ao Kikito no Festival de Gramado, que vai até o dia 23.
Exibido fora de competição no Festival de Berlim, “A natureza das coisas invisíveis”, de Rafaela Camelo, teve sua estreia nacional no Festival de Cinema de Gramado na terça-feira (19). O filme, que aborda a morte e a transição de gênero na infância, narra a história de Glória, uma menina de 10 anos que passa as férias em um hospital acompanhando sua mãe. Durante sua estadia, ela conhece Sofia, uma menina que visita a bisavó, e as duas desenvolvem uma amizade que transcende o ambiente hospitalar.
A diretora Rafaela Camelo explicou que começou a idealizar o filme em 2018, inicialmente com um enfoque mais sombrio sobre a morte. No entanto, a pandemia a levou a repensar a narrativa, optando por incluir temas de amor e cuidado entre mulheres. “Queria falar não só da morte biológica, mas também do luto identitário”, afirmou Rafaela, destacando a importância de abordar a transição de gênero de forma natural e sem conflitos.
Para o papel de Sofia, a diretora escolheu uma atriz trans, Serena, de 12 anos, enfatizando a relevância da representação. “Crianças trans existem”, ressaltou Rafaela, que também se comprometeu a incluir mais profissionais trans na equipe. Durante a coletiva de imprensa, Laura Brandão, que interpreta Glória, compartilhou que a dinâmica entre as personagens é marcada por conflitos típicos de irmãs, refletindo a complexidade das relações infantis.
O filme está na disputa pelo Kikito no Festival de Gramado, que acontece até o dia 23. Camila Márdila, conhecida por seu trabalho em “Que horas ela volta?”, expressou sua emoção ao participar da estreia, ressaltando a conexão que tem com a diretora desde os tempos de faculdade. “A natureza das coisas invisíveis” promete provocar reflexões sobre identidade e afeto em um contexto contemporâneo.