- Soap Opera, obra do artista islandês Ragnar Kjartansson, está em exibição no espaço i8 Grandi, em Reykjavik, com 81 episódios concluídos da série Santa Barbara; o projeto começou em Moscou entre dezembro de 2021 e fevereiro de 2022 e parou no dia da invasão da Ucrânia, 24 de fevereiro de 2022.
- Originalmente concebida como performance sobre imigração, classe, guerra e poder, a produção tinha planejados noventa e nove episódios, mas a guerra interrompeu o projeto.
- Santa Barbara foi a primeira novela americana transmitida na Rússia, entre 1992 e 2002, e tratava de temas de classe e excessos pela família Capwell.
- Kjartansson e Ása Helga Hjörleifsdóttir — diretora — veem a obra como retrato da produção artística sob conflito geopolítico, ampliando a discussão para soft power e imitação entre culturas.
- A última cena do episódio oitenta e um mostra uma personagem em pesadelo com cores que lembram a bandeira da Ucrânia; a obra não será continuada e passa a funcionar como cápsula do tempo dos eventos atuais.
Soap Opera, uma obra do artista islandês Ragnar Kjartansson, está em exibição pela primeira vez no espaço i8 Grandi, em Reykjavik. O projeto, que consiste em 81 episódios da série *Santa Barbara*, foi inicialmente concebido como uma performance sobre imigração, classe, guerra e poder, realizada em Moscou entre dezembro de 2021 e fevereiro de 2022. A produção, que parou no dia da invasão da Ucrânia, se tornou um retrato da produção artística sob conflito geopolítico.
A série *Santa Barbara* foi a primeira novela americana a ser transmitida na Rússia, entre 1992 e 2002, e abordava temas de classe e excessos através da família Capwell. Kjartansson e a diretora Ása Helga Hjörleifsdóttir planejavam criar 99 episódios, mas a guerra interrompeu a produção. O artista reflete que a obra agora representa não apenas a imitação cultural, mas também um ciclo de poder entre os Estados Unidos e a Rússia.
Interpretações e Significados
Kjartansson destaca que a série reflete a relação complexa entre os dois países, onde “agora, a América imita a Rússia”. A última cena do episódio 81, que mostra uma personagem em um pesadelo com cores que lembram a bandeira da Ucrânia, é descrita como uma coincidência, mas simbolicamente poderosa. A obra, que não será continuada após o episódio 81, se tornará uma cápsula do tempo dos eventos atuais.
A exibição em Reykjavik oferece uma nova perspectiva sobre a produção artística em tempos de crise, levantando questões sobre o soft power e a imitação cultural. A obra de Kjartansson, portanto, não é apenas uma performance, mas uma reflexão sobre as tensões geopolíticas contemporâneas e suas repercussões na arte.