- Escavações em Tuam, Irlanda, revelaram restos de quase 800 crianças em um tanque séptico de um antigo lar para mães e bebês.
- O local foi administrado pelas freiras Bon Secours e é associado a abusos contra mulheres solteiras e seus filhos.
- A historiadora Catherine Corless investigou a alta taxa de mortalidade infantil, que chegou a mais de 40% em alguns anos.
- O governo irlandês e o Vaticano iniciaram uma investigação, resultando em um relatório de 2021 que responsabilizou principalmente os pais e reconheceu falhas das instituições.
- A identificação dos restos mortais pode levar até dois anos, e a comunidade local está dividida sobre a continuidade das escavações.
Escavações em Tuam Revelam Escândalo de Abusos em Lares de Mães e Bebês na Irlanda
TUAM, Irlanda — Recentemente, escavações iniciadas em um antigo lar para mães e bebês revelaram os restos de quase 800 crianças em um tanque séptico, expondo um escândalo de negligência e morte em instituições católicas. O local, que operou sob a administração das freiras Bon Secours, foi palco de abusos sistemáticos contra mulheres solteiras e seus filhos.
A descoberta remonta à década de 1970, quando dois meninos, Franny Hopkins e Barry Sweeney, encontraram um túmulo não marcado ao explorar a propriedade. Quatro décadas depois, a historiadora local Catherine Corless começou a investigar a história do lar, revelando um alto índice de mortalidade infantil e a separação forçada de mães e filhos.
Histórico de Abusos
Os lares para mães e bebês na Irlanda, que surgiram após a independência do país, eram conhecidos por suas condições precárias e pelo tratamento desumano das mulheres. Muitas mães eram levadas para esses locais em segredo, enfrentando estigmas sociais severos. Corless descobriu que, em alguns anos, mais de 40% das crianças morriam antes de completar um ano. O lar de Tuam registrou a maior taxa de mortalidade, com quase um terço das crianças falecendo.
A situação chamou a atenção do governo irlandês e do Vaticano, levando a uma investigação que culminou em um relatório em 2021. O documento responsabilizou principalmente os pais das crianças e as famílias das mães, mas também reconheceu a falha das instituições religiosas e do Estado em proteger essas mulheres e crianças.
Escavação e Identificação
As escavações, que começaram há duas semanas, são lideradas por uma equipe de cientistas forenses e arqueólogos. O diretor da escavação, Daniel MacSweeney, destacou a complexidade do trabalho, que pode levar até dois anos para identificar os restos. A expectativa é que os testes de DNA ajudem a conectar os restos mortais a familiares que buscam respostas.
Enquanto isso, a comunidade local está dividida sobre a escavação. Alguns acreditam que os restos devem ser deixados em paz, enquanto outros clamam por justiça e dignidade para as crianças que foram enterradas sem cerimônia. A história de Tuam continua a ressoar, simbolizando um capítulo sombrio na história da Irlanda, onde a luta por reconhecimento e reparação ainda está em andamento.