Mais de 100 famílias cristãs enfrentam violência por sua fé em Bangladesh

Desde a queda do governo da primeira-ministra Sheikh Hasina em agosto de 2024, Bangladesh enfrenta uma grave crise política e religiosa. A instabilidade resultante tem gerado uma onda de violência direcionada a minorias religiosas, especialmente cristãos. Mais de 100 famílias foram forçadas a renunciar à sua fé, segundo a organização Portas Abertas.

Os ataques começaram em 5 de agosto, quando Amin*, um cristão local, teve sua loja saqueada por extremistas. Ele relatou que o grupo o ameaçou de morte, alegando que a destruição de sua propriedade era motivada por sua fé em Jesus Cristo. Além de Amin, 36 casos de ataques diretos a cristãos foram confirmados por parceiros da Portas Abertas.

Crescimento do Extremismo

A situação se agrava com a retórica crescente de líderes muçulmanos, que retratam os cristãos como inimigos. Rajon*, parceiro da Portas Abertas, afirma que há uma agenda para estabelecer um estado islâmico, incluindo a conversão forçada de cristãos. Falsidades sobre o cristianismo estão sendo disseminadas, fomentando a animosidade contra seus seguidores.

A instabilidade política tem favorecido a ascensão de grupos extremistas, como Hefazat-e-Islam e Hizb ut-Tahrir. Esses grupos têm promovido violência coletiva, ataques a locais de culto e conversões forçadas. As minorias religiosas, como cristãos, hindus e budistas, estão se tornando alvos fáceis nesse clima de caos.

Impunidade e Injustiça

Os ataques ocorrem sem que os agressores sejam responsabilizados, o que agrava ainda mais a situação. Rajon destaca que a falta de justiça contribui para a vulnerabilidade das minorias. As eleições previstas para 2025 e 2026 podem alterar o cenário, com a possibilidade de partidos islâmicos assumirem o poder, o que poderia piorar a situação.

Bangladesh ocupa atualmente o 24º lugar na Lista Mundial de Perseguição da Portas Abertas, que classifica os países onde os cristãos enfrentam os níveis mais altos de perseguição. Embora a constituição garanta igualdade de direitos, há temores de que propostas de mudanças constitucionais possam resultar em uma erosão das liberdades religiosas.

• Nomes alterados por motivos de segurança.