- Michel Alcoforado, antropólogo carioca, lançou o livro “Coisa de Rico”.
- A obra investiga a percepção e o comportamento da elite brasileira em relação à desigualdade social.
- Alcoforado utiliza humor e ironia para discutir a ostentação e a performatividade da riqueza.
- Ele destaca que os ricos tendem a ver os outros como “ricos”, dificultando o reconhecimento de sua própria posição privilegiada.
- O autor também critica a busca por legitimidade da elite por meio de arte e filantropia, que se tornam formas de ostentação.
Michel Alcoforado, antropólogo carioca, lança o livro Coisa de Rico, que investiga a percepção e o comportamento da elite brasileira em relação à desigualdade social. A obra, publicada pela editora Todavia, aborda como os ricos se veem e se comportam, destacando a performatividade da riqueza e o impacto das redes sociais.
Alcoforado utiliza humor e ironia para explorar a dinâmica da ostentação no Brasil. Ele revela que, para os ricos, “os ricos são sempre os outros”, o que os impede de reconhecer sua própria posição privilegiada. Em entrevista à Vogue, o autor explica que a ostentação varia conforme o público. Os novos ricos exibem marcas visíveis, enquanto os tradicionais preferem uma ostentação discreta, que só é reconhecida por quem está dentro do círculo.
As redes sociais intensificam essa dinâmica, permitindo que todos tenham acesso ao que é considerado “coisa de rico”, gerando sentimentos de inveja e medo. Alcoforado afirma que essa encenação constante de riqueza perpetua desigualdades sociais, tornando a busca por status uma obsessão coletiva.
O autor também discute como a elite busca legitimidade por meio de arte e filantropia, mas ressalta que até esses gestos se tornam “coisas” que servem para ostentar. Ele critica a falta de desapego entre os ricos, que, mesmo quando generosos, não se afastam de sua riqueza. Para Alcoforado, a desigualdade no Brasil é sustentada não apenas pelos privilégios da elite, mas pela necessidade de todos parecerem mais ricos do que realmente são.