- O Brasil registrou 16.218 suicídios em 2024, com 78% das vítimas sendo homens.
- Apesar de uma leve queda em relação ao ano anterior, os números continuam alarmantes.
- O Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, em 10 de setembro, reforça a necessidade de abordar a questão de forma abrangente.
- O diácono Francisco Regio defende a integração entre espiritualidade e apoio psicológico nas igrejas, criticando visões simplistas sobre a ideação suicida.
- Regio destaca a importância de um acolhimento adequado e de profissionais de saúde mental nas comunidades religiosas para ajudar aqueles em crise.
O Brasil registrou 16.218 suicídios em 2024, com 78% das vítimas sendo homens, segundo dados do Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública (Sinesp). Este número, embora represente uma leve queda em relação ao ano anterior, continua a ser alarmante. O Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, celebrado em 10 de setembro, destaca a urgência de abordar essa questão de forma mais abrangente.
O diácono Francisco Regio, do Ministério Mudança de Vida, enfatiza a necessidade de integrar espiritualidade e apoio psicológico nas igrejas. Ele, que também é psicólogo, critica a tendência de associar a ideação suicida a questões espirituais, como possessão demoníaca. Regio argumenta que essa visão simplista impede a compreensão dos múltiplos fatores que levam ao suicídio.
A falta de acolhimento adequado nas comunidades religiosas pode agravar o sofrimento de quem está em crise. Regio observa que frases como “a vida é bela” não ressoam com aqueles que enfrentam dor intensa. Ele defende que é essencial proporcionar uma escuta qualificada e apoio profissional para que as pessoas possam encontrar caminhos de recuperação.
Na igreja onde Regio atua, profissionais de saúde mental participam das atividades, mas ele nota que o foco ainda é predominantemente espiritual. Para ele, é crucial que líderes religiosos reconheçam que a fé não exclui a necessidade de tratamento psicológico. Estudos indicam que a religiosidade pode oferecer proteção em momentos de crise, mas não deve substituir o atendimento profissional.
A fragilidade da rede pública de saúde também é um fator preocupante. Regio destaca que, ao serem encaminhadas a Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), muitas pessoas enfrentam triagens coletivas que podem ser constrangedoras, levando ao isolamento e ao agravamento do sofrimento. Ele ressalta que é fundamental discutir abertamente o tema do suicídio para avançar na prevenção.
A combinação de espiritualidade e cuidado humano é essencial para criar ambientes seguros, onde a dor é compreendida e não minimizada. Regio acredita que, ao unir esses elementos, é possível preservar vidas e oferecer um testemunho de amor e solidariedade.