- O pastor Júnior Martins, da Igreja Batista em Vila das Belezas, em São Paulo, enfrentou crises de ansiedade e depressão, comuns entre líderes religiosos.
- Em 2008, Martins começou a sentir os efeitos do estresse acumulado por sua rotina intensa e se afastou de suas funções após perceber a falta de compreensão da liderança da igreja.
- O suicídio do pastor Lucas Di Castro, da Igreja Universal do Reino de Deus, em agosto, trouxe à tona a falta de acolhimento nas igrejas para questões de saúde mental.
- A psicóloga Karen Scavacini ressaltou que o luto por suicídio gera sentimentos de culpa e abandono, destacando a importância do apoio das comunidades religiosas.
- Martins lançou o livro “A Batalha Silenciosa dos Pastores” e agora aconselha outros líderes, alertando sobre a pressão que contribui para o adoecimento mental entre pastores.
O pastor Júnior Martins, da Igreja Batista em Vila das Belezas, em São Paulo, enfrentou crises de ansiedade e depressão, um desafio comum entre líderes religiosos. Em 2008, aos 34 anos, Martins começou a sentir os efeitos do estresse acumulado por sua rotina intensa como empresário e professor de teologia. Após buscar ajuda profissional, ele percebeu a falta de compreensão da liderança da igreja sobre sua condição, o que o levou a se afastar de suas funções.
Recentemente, o suicídio do pastor Lucas Di Castro, da Igreja Universal do Reino de Deus, reacendeu o debate sobre a falta de acolhimento nas igrejas para questões de saúde mental. O caso, que ocorreu em agosto, expôs a necessidade de uma abordagem mais integrada entre teologia e psicologia. O bispo Edir Macedo, ao comentar a morte de Lucas, desconsiderou sua trajetória como pastor, o que gerou críticas sobre a falta de empatia em momentos de luto.
A psicóloga Karen Scavacini destaca que o luto por suicídio traz sentimentos de culpa e abandono, reforçando a importância de um acolhimento adequado por parte das comunidades religiosas. O pastor Vardilei Ribeiro da Silva, que estuda saúde mental entre cristãos, aponta que muitos transtornos psicológicos ainda são vistos como falta de fé, dificultando o suporte necessário.
Martins, que transformou sua experiência em aprendizado, lançou o livro “A Batalha Silenciosa dos Pastores” e agora se dedica a aconselhar outros líderes com conflitos emocionais. Ele alerta que a pressão para que pastores sejam “super-heróis” contribui para o adoecimento mental, afirmando que a espiritualidade contemporânea não favorece a saúde mental.
O debate sobre saúde mental nas igrejas é crucial, especialmente em um contexto onde 10,57% dos brasileiros com mais de 22 anos apresentavam depressão em 2019, segundo o IBGE. A falta de preparo das instituições religiosas para lidar com esses problemas pode agravar a situação, tornando essencial a formação de líderes que compreendam a complexidade das questões emocionais.