- O medo da influência de grupos evangélicos conservadores na sociedade brasileira tem crescido.
- Esse receio reflete um histórico de controle da espiritualidade pela Igreja Católica, que teme a irracionalidade e a heresia.
- O teólogo Eugen Drewermann aponta a dependência entre fiéis e líderes religiosos, gerando desconfiança na sociedade.
- A repressão de experiências místicas na Igreja Católica, desde o século 17, resultou em um empobrecimento da mística.
- O aumento da presença evangélica no Brasil, conforme o Censo de 2022, intensifica o temor sobre o impacto na vida social e política.
O medo da influência religiosa na sociedade brasileira tem se intensificado, especialmente em relação aos grupos evangélicos conservadores. Essa preocupação reflete um histórico de controle da espiritualidade pela Igreja Católica, que sempre temeu a irracionalidade e a heresia, como demonstrado pela Inquisição.
Atualmente, esse receio se manifesta em dois aspectos principais: a submissão de fiéis aos líderes religiosos e o impacto que esses grupos podem ter na democracia. O teólogo Eugen Drewermann destaca a relação de dependência entre os religiosos e o clero, o que gera desconfiança em setores da sociedade.
A Igreja Católica, ao longo da história, buscou controlar as experiências místicas, temendo que a espiritualidade não regulamentada pudesse levar à irracionalidade. Esse controle é descrito pelo historiador André Vauchez como uma tentativa de colonização do sobrenatural, que se estendeu desde as práticas pré-cristãs até as diversas formas de espiritualidade cristã.
A Crise da Mística
A crise da mística, conforme abordada pelo historiador Bernard McGinn, remonta ao século 17, quando movimentos como o quietismo foram severamente reprimidos. Místicos como Miguel de Molinos e Madame Guyon enfrentaram condenações e prisões, sendo acusados de antinomianismo, ou seja, de estarem acima das leis religiosas. Essa repressão gerou um empobrecimento da mística na Igreja Católica, que passou a ver essas experiências como uma ameaça à ortodoxia.
A transição religiosa no Brasil, evidenciada pelo Censo de 2022, mostra um aumento da presença evangélica, o que intensifica o temor de que a irracionalidade religiosa possa afetar a vida social e política do país. Essa dinâmica revela um ciclo contínuo de medo e controle que permeia a relação entre religião e sociedade, refletindo uma luta histórica por poder e legitimidade espiritual.