- A bioeconomia na Amazônia cresceu, com vendas de bioinsumos atingindo R$ 8,3 milhões em 2024, um aumento de 51% em relação ao ano anterior.
- O número de empresas compradoras subiu para 39, um crescimento de 11%.
- O setor enfrenta desafios como crime organizado, escassez de mão de obra e impactos climáticos severos, como a seca provocada pelo fenômeno El Niño.
- A violência compromete a segurança dos produtores e a cadeia de fornecimento, dificultando a entrega de produtos.
- Empresas como Natura, Veja e Michelin estão investindo em práticas sustentáveis e colaborando com comunidades locais para enfrentar esses desafios.
A bioeconomia na Amazônia está em expansão, atraindo empresas em busca de insumos sustentáveis, como borracha e castanha-do-pará. Em 2024, as vendas de bioinsumos na região totalizaram R$ 8,3 milhões, um crescimento de 51% em relação ao ano anterior, conforme dados da Origens Brasil, uma iniciativa do Imaflora. O número de empresas compradoras também aumentou, alcançando 39, um crescimento de 11%.
Entretanto, o setor enfrenta desafios significativos. O crime organizado e a escassez de mão de obra elevam o que é conhecido como “Custo Amazônia”. A produção de castanha-do-pará, por exemplo, sofreu um impacto severo devido à seca intensa provocada pelo fenômeno El Niño, resultando em uma das piores safras da história. Luiz Brasi, gerente da rede Origens Brasil, destaca que a violência e a insegurança são barreiras para o desenvolvimento da bioeconomia.
Desafios da Produção
A violência na Amazônia não apenas afeta a segurança dos produtores, mas também compromete a cadeia de fornecimento. Vanildo Quaresma Ferreira, presidente da cooperativa Cofruta, relata que a insegurança tem dificultado a entrega de produtos, como o açaí, impactando o fornecimento de bioinsumos para empresas.
Por outro lado, empresas locais estão se tornando aliadas das comunidades. A Natura, por exemplo, tem colaborado com associações para enfrentar invasões de atividades ilegais, como a extração de ouro. Paulo Dallari, diretor da empresa, menciona que a colaboração com as comunidades é essencial para garantir a segurança e a preservação dos ecossistemas.
Iniciativas Sustentáveis
A escassez de mão de obra é uma preocupação crescente. Empresas como a Veja e a Michelin estão investindo em práticas sustentáveis para valorizar o trabalho tradicional e oferecer alternativas de renda. A Veja, que utiliza borracha nativa há mais de 20 anos, aumentou suas compras de 5 toneladas para 700 toneladas em 2025. A Michelin, por sua vez, passou de 7,5 toneladas para 158 toneladas em 2024, protegendo mais de 105 mil hectares de floresta.
Essas iniciativas promovem a preservação ambiental e garantem a renda das comunidades locais. O preço da borracha nativa, que pode ser até 3,5 vezes maior que o valor de mercado, reflete o compromisso com a sustentabilidade e a valorização das famílias que ajudam a preservar o bioma amazônico.