- O Vaticano publicou um decreto que proíbe o uso do título “co‑redentora” para Maria, afirmando que a designação causa confusão na fé cristã e encerra o uso público do termo.
- O documento foi assinado pelo cardeal Víctor Manuel Fernández, prefecto da Congregação para a Doutrina da Fé.
- A decisão visa encerrar um debate histórico sobre a função de Maria na salvação e frear devoções associadas que não estavam em conformidade com a doutrina da Igreja, especialmente em um contexto de crescimento de devoção nas redes sociais.
- O decreto afirma que Jesus é o único salvador e que o título pode ofuscar o papel exclusivo dele; critica práticas devocionais que não correspondem ao ensino da Igreja.
- Historicamente, João Paulo II apoiou o título, enquanto Francisco e o predecessor Bento XVI se opuseram; em dois mil e dezenove, o Papa Francisco descreveu a designação como tolice, ressaltando que Maria não buscou tirar a atenção de seu filho.
O Vaticano anunciou um decreto que proíbe o uso do título “co-redentora” para Maria, afirmando que tal designação causa confusão na fé cristã. O documento, assinado pelo cardeal Víctor Manuel Fernández, prefecto da Congregação para a Doutrina da Fé, visa encerrar um debate histórico sobre a função de Maria na salvação da humanidade.
A decisão foi motivada pelo aumento da devoção mariana nas redes sociais, onde surgem alegações de aparições e cultos exacerbados. O decreto afirma que Jesus é o único salvador e que a utilização do título “co-redentora” pode ofuscar seu papel exclusivo. O texto também critica práticas devocionais que não se alinham com a doutrina católica, destacando a necessidade de esclarecer o que é aceitável na devoção a Maria.
Historicamente, a questão do título “co-redentora” dividiu papas. O Papa João Paulo II apoiava a ideia, mas a abandonou em meados da década de 1990. Já o Papa Francisco e seu predecessor, Bento XVI, se opuseram firmemente ao uso do termo. Em 2019, Francisco descreveu essa designação como “foolishness”, enfatizando que Maria nunca buscou tirar a atenção de seu filho.
Resposta à Devoção Exacerbada
O cardeal Fernández explicou que o decreto é uma resposta a crescentes perguntas sobre a devoção a Maria, especialmente em um contexto onde muitos católicos se sentem confusos. A Igreja está tentando conter a proliferação de cultos que se intensificaram com a era digital, onde a devoção à Madonna é frequentemente promovida por grupos conservadores.
Iacopo Scaramuzzi, correspondente do Vaticano, comentou que essa medida é um esforço para controlar a adoração excessiva à figura de Maria, que pode não refletir a verdadeira essência da fé católica. O Vaticano já havia endurecido regras sobre fenômenos sobrenaturais, como aparições, para evitar fraudes e enganos.
A decisão do Vaticano pode ser vista como um alívio para católicos progressistas que acreditam que a figura de Maria deve ser respeitada, mas não elevada a um status semi-divino.