Cresce o número de pessoas que optam por refeições sozinhas em restaurantes brasileiros

A prática de comer sozinho em restaurantes tem se tornado cada vez mais comum em grandes cidades brasileiras. Relatos de frequentadores revelam que essa experiência pode ser enriquecedora, proporcionando liberdade e introspecção. A carioca Marcia Kemp, fundadora da Nannacay, frequenta restaurantes sozinha semanalmente e destaca a contemplação e a meditação como parte de sua experiência.

Em São Paulo, Bernardo Ajzenberg, tradutor e escritor, também aprecia a refeição solitária. Ele afirma que essa prática é parte de seu temperamento e prefere sair para comer do que cozinhar. Ajzenberg utiliza o tempo para ler ou observar as conversas ao seu redor, o que enriquece sua escrita. Gian Matteo Sambucetti, CEO da Madre Reina, utiliza suas refeições solitárias para trabalhar em seu computador, buscando um momento de silêncio em meio à rotina agitada.

Cris Guterres, jornalista, começou a sair sozinha para jantar após os trinta anos. Ela aprecia a independência e costuma visitar restaurantes novos ou repetir pratos que gosta. Todos os entrevistados concordam que, ao comer sozinhos, conseguem saborear melhor os pratos. O chef Kaywa Hilton, do Boia, em Salvador, observa que clientes desacompanhados conseguem apreciar mais a essência do restaurante.

Restaurantes com balcões têm atraído esse público. O chef Elia Schramm, da Babbo Osteria, destaca que a cultura de comer sozinho é comum e que seus funcionários estão atentos a essas necessidades. Thiago Bañares, que possui restaurantes em Pinheiros, observa que ainda existe preconceito, mas acredita que a prática está se normalizando.

A psicóloga Vania Bressani explica que muitos que comem sozinhos buscam introspecção e liberdade. Ricardo Werner Sebastiani, psicólogo, aponta que esse comportamento é mais comum entre a classe média alta e foi intensificado pela pandemia. Ele observa que, apesar da aglomeração nas grandes cidades, muitas pessoas se sentem solitárias.

O chef Kaywa Hilton recomenda que todos experimentem comer sozinhos ao menos uma vez. Ele acredita que essa experiência proporciona uma conexão mais profunda com a comida e o ambiente.