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‘Tulio Carella explora a sexualidade livre em ‘Orgia e Compadrio”

Publicações recentes resgatam a obra de Tulio Carella, destacando sua relevância e a luta contra a censura na literatura sul-americana.

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Por Revisado por Time de Jornalismo Portal Tela
Imagem que ilustra capa de 'Orgia e Compadrio - Tulio Carella, Drama e Revolução na América Latina', de Alvaro Machado (Foto: Divulgação)
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  • O dramaturgo argentino Tulio Carella, ativo entre 1910 e 1940, é tema de novas publicações que resgatam sua obra.
  • O livro “Orgia e Compadrio”, lançado por Alvaro Machado, explora a vida de Carella, que se exilou após o golpe militar de 1955 na Argentina.
  • Carella se destacou no Teatro Nacional de Comédia em Buenos Aires, onde sua bissexualidade e estilo ousado o tornaram alvo de repressão.
  • A reedição de “Orgia”, um diário escrito por Carella em Recife, busca recuperar sua importância literária e sua experiência como um corpo estrangeiro.
  • O novo livro propõe uma reflexão sobre a marginalização de vozes na literatura e destaca Carella como uma figura relevante na história literária sul-americana.

A Redescoberta de Tulio Carella

O dramaturgo argentino Tulio Carella, ativo entre 1910 e 1940, é o foco de novas publicações que resgatam sua obra e sua vida marcada pela marginalidade e censura. “Orgia e Compadrio”, lançado por Alvaro Machado, explora a trajetória de Carella, que se exilou após o golpe militar de 1955 na Argentina.

Carella se destacou no Teatro Nacional de Comédia em Buenos Aires, onde sua bissexualidade e estilo ousado o tornaram um alvo de repressão. Após se mudar para Recife em 1960, ele se envolveu com a cena cultural local e registrou suas experiências em “Orgia”, um diário que ficou esquecido até sua reedição em 2011.

Machado, que também é doutor em artes cênicas, afirma que a obra de Carella vai além da rotulagem como literatura pornográfica. “Ela é um retrato daquele tempo conturbado, tanto na Argentina como no Brasil,” explica. O novo livro, “Orgia e Compadrio”, não apenas analisa a obra de Carella, mas também o insere em uma genealogia de autores sul-americanos que usaram o exílio como forma de resistência.

Contexto Cultural e Político

Ao chegar ao Brasil, Carella se deparou com um Recife em ebulição, marcado por tensões sociais e políticas. Ele descreveu suas impressões sobre a cidade, incluindo a presença significativa da população negra, que contrastava com sua experiência em Buenos Aires. “Carella era muito alto e branco,” observa Machado, destacando como isso o tornava uma figura notável na cidade.

O erotismo presente em “Orgia” gerou controvérsia, especialmente em relação às descrições de corpos negros. Carella questionava se estava fetichizando o outro, refletindo sobre sua própria posição como um corpo estrangeiro em um novo ambiente. A obra, que foi censurada e esquecida, agora busca recuperar a figura de Carella como um autor relevante.

A Importância do Resgate

“Orgia e Compadrio” não apenas resgata a obra de Carella, mas também propõe uma reflexão sobre o que é apagado da história literária. Através de documentos primários e cartas, Machado ilumina a trajetória de um autor que, apesar de seu impacto, permanece invisível na Argentina. “Ele é o único autor argentino só publicado no Brasil,” afirma Machado, ressaltando a necessidade de reavaliar a crítica literária que muitas vezes marginaliza vozes dissidentes.

O livro de Machado busca corrigir esse apagamento, devolvendo a Carella seu lugar como uma testemunha aguda de seu tempo, e não apenas como uma exceção escandalosa. A redescoberta de sua obra é um convite à reflexão sobre a diversidade e a resistência na literatura latino-americana.

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