- Estudo da Unicamp analisou mais de 20 espécies de tigres-dente-de-sabre (Smilodon) para entender a extinção ao longo de 20 milhões de anos.
- Conclusão: a disponibilidade de presas foi fator-chave; menor oferta de alimento está associada à extinção de várias espécies.
- Mudanças climáticas áridas reduziram o número de presas, impactando predadores como os dente-de-sabre.
- A extinção dos últimos dente-de-sabre ocorreu há cerca de 10 mil anos, possivelmente pela falta de presas após o declínio da megafauna.
- O estudo envolve dados da América do Norte e da Eurásia e foi publicado no Journal of Evolutionary Biology.
O estudo brasileiro, realizado na Unicamp, analisou mais de 20 espécies de Smilodon para entender as causas da extinção do tigre-dente-de-sabre. Pesquisadores associam a queda de presas grandes a mudanças climáticas ao longo de 20 milhões de anos. O foco é como a disponibilidade de alimento moldou a história evolutiva dos predadores.
Segundo Mathias Pires, professor da universidade, o trabalho utiliza registros fósseis da América do Norte e da Eurásia para testar a relação entre fauna de megaherbívoros e a extinção das primeiras linhagens de dente-de-sabre. O Smilodon populator, por exemplo, pesava mais de 300 kg e habitava a América do Sul.
Metodologia
Os autores combinaram dados paleontológicos com informações climáticas disponíveis em plataformas de acesso público. A análise estatística revelou que várias espécies de Smilodon tendiam a desaparecer em períodos de menor disponibilidade de presas. Mudanças no clima favoreceram cenários áridos, reduzindo o cardápio dos predadores.
Para os autores, a crise de presas não explicaria apenas o final de algumas espécies, mas pode representar a tendência histórica do grupo ao longo de milhões de anos. A pesquisa destaca como fatores ambientais de escala profunda influenciam a diversidade de predadores ao longo do tempo.
Implicações
Embora o foco seja o passado, os pesquisadores ressaltam que alterações climáticas e a disponibilidade de presas continuam a moldar ecossistemas atuais. Pires aponta que, hoje, atividades humanas modificam o ambiente em ritmo acelerado, o que pode impactar várias espécies de forma abrupta.