- O sítio arqueológico de Gran Dolina, na Serra de Atapuerca, na Espanha, revelou novos indícios de canibalismo entre os Homo antecessor.
- Restos mortais de crianças com marcas de corte foram encontrados, indicando que essa prática era comum há mais de 850 mil anos.
- Pesquisadores do Catalan Institute for Human Palaeoecology and Social Evolution (IPHES) identificaram uma vértebra cervical com incisões que sugerem decapitação intencional.
- As marcas nos ossos são semelhantes às de animais consumidos, reforçando a ideia de que o canibalismo era uma prática alimentar.
- Os achados indicam que o canibalismo não era um evento isolado, mas uma prática recorrente entre esses humanos primitivos.
O sítio arqueológico de Gran Dolina, localizado na Serra de Atapuerca, na Espanha, revelou novas evidências sobre o comportamento canibalístico do Homo antecessor. Recentemente, foram encontrados restos mortais de crianças com marcas de corte que indicam que o canibalismo era uma prática comum entre esses humanos primitivos, que viveram há mais de 850 mil anos.
Os pesquisadores do Catalan Institute for Human Palaeoecology and Social Evolution (IPHES), que lideram as escavações, identificaram uma vértebra cervical com incisões nítidas, sugerindo uma decapitação intencional. Os ossos, que fazem parte de um conjunto de dez restos humanos descobertos em julho, são atribuídos à mesma espécie. Palmira Saladié, pesquisadora do IPHES-CERCA, destacou que as marcas encontradas são semelhantes às observadas em ossos de animais consumidos por esses humanos, reforçando a ideia de que o canibalismo era uma prática alimentar.
Evidências de Canibalismo
Saladié enfatizou que a precisão dos cortes na vértebra é impressionante, indicando que a criança foi tratada como qualquer outra presa. “Este caso é particularmente impressionante, não apenas pela idade da criança, mas também pela precisão dos cortes,” afirmou a pesquisadora. Os achados reforçam a continuidade do comportamento canibalístico, que já havia sido documentado no local há três décadas, quando foram encontrados os primeiros indícios de canibalismo entre espécies humanas.
Os novos dados coletados pelos cientistas sugerem que o canibalismo não era um evento isolado, mas uma prática recorrente entre os Homo antecessor. “O que estamos documentando agora é a continuidade desse comportamento,” explicou Saladié, ressaltando que o tratamento dos mortos era uma prática comum e não excepcional.
Implicações para a Compreensão da Pré-História
Essas descobertas têm implicações significativas para a compreensão da vida e dos costumes dos primeiros humanos. A cada nova evidência, os pesquisadores são desafiados a repensar como esses indivíduos viveram, morreram e como seus mortos eram tratados. O canibalismo, além de ser uma forma de alimentação, pode ter sido uma estratégia para controle territorial entre grupos humanos primitivos.