- O desencanto entre homens e mulheres, especialmente entre jovens adultos e millennials, está crescendo.
- A socióloga argentina Sol Prieto aponta que a maternidade tem um alto custo para as mulheres, devido à precarização do trabalho e à falta de políticas de cuidado.
- A pesquisa de Jade S. Sasser mostra que a ecoansiedade e fatores ambientais influenciam as decisões reprodutivas, especialmente entre mulheres racializadas.
- Embora a preocupação ambiental não seja o principal fator na América Latina, desastres climáticos recentes aumentam a ansiedade sobre ter filhos.
- A geração mais jovem discute frequentemente esses temas, refletindo sobre a interseção entre raça, classe e gênero nas decisões sobre maternidade e paternidade.
Desencanto Geracional e Ecoansiedade nas Decisões Reprodutivas
O desencanto entre homens e mulheres, especialmente entre jovens adultos e millennials, é um fenômeno crescente. Pesquisas recentes, como as de Jade S. Sasser, revelam que a ecoansiedade e fatores ambientais impactam as decisões reprodutivas, principalmente entre mulheres racializadas, que relatam ter menos filhos do que desejam devido às preocupações climáticas.
A socióloga argentina Sol Prieto destaca que a maternidade hoje representa um alto custo para as mulheres. Fatores como a precarização do trabalho, a dificuldade de acesso à moradia e a falta de políticas de cuidado são determinantes. Além disso, a crescente preocupação com a baixa natalidade tem gerado debates acalorados, com políticos sugerindo que as mulheres tenham mais filhos em um contexto onde cidades como Buenos Aires já têm mais pets do que crianças.
Ecoansiedade e Decisões Reprodutivas
Sasser, professora da Universidade da Califórnia, investiga há mais de duas décadas as opções reprodutivas em relação ao clima. Em seu novo livro, *Climate Anxiety and the Kid Question*, ela aborda como a ansiedade climática influencia a decisão de ter filhos. Durante a pandemia, Sasser começou a questionar a relação entre fatores ambientais e a vontade de ser pai ou mãe, levando à reflexão sobre a moralidade de trazer filhos ao mundo em um planeta em crise.
A pesquisa de Sasser revela que as ecoemoções são sentidas de maneira diferente por diversos grupos. Mulheres racializadas, por exemplo, são mais propensas a relatar que desejam ter menos filhos devido ao clima. Um estudo de Yale confirma que latinos e afro-americanos nos Estados Unidos experimentam níveis mais altos de ansiedade climática em comparação com brancos.
Impactos das Mudanças Climáticas
Embora a questão ambiental ainda não seja um fator predominante na decisão de ter filhos na América Latina, a complexidade das escolhas reprodutivas está em crescimento. Desastres climáticos recentes, como incêndios na Argentina e furacões no Caribe, intensificam essa preocupação. Enquanto isso, governos ultraconservadores, como os de Donald Trump e Javier Milei, adotam políticas que negam a crise climática, dificultando ações efetivas para o futuro do planeta.
A geração mais jovem, incluindo a geração Z e millennials, discute frequentemente esses temas. Sasser observa que a brecha geracional está diminuindo, à medida que mais pessoas vivenciam desastres climáticos e desenvolvem ansiedades relacionadas ao clima. A interseção entre raça, classe e gênero se torna cada vez mais relevante nas decisões sobre a maternidade e paternidade em um mundo em transformação.