- No dia 20 de junho, a cantora Simone teve seu nome associado ao single gerado por inteligência artificial, “Heartbeat Echo”, no Spotify.
- A música, com estilo pop eletrônico genérico, não refletia o estilo da artista.
- A confusão foi esclarecida quando se descobriu que a faixa era de Dennis Magkasi, criador do projeto de músicas geradas por IA chamado “Simone”.
- O incidente destaca a crescente presença de músicas geradas por IA, conhecidas como “IA slop”, que competem com artistas reais.
- O Spotify enfrenta críticas por falhas na catalogação e por não diferenciar conteúdo humano de criações automatizadas.
No dia 20 de junho, a cantora Simone, famosa pelo hit natalino “Então é Natal”, teve seu nome associado a um single gerado por inteligência artificial, intitulado “Heartbeat Echo”, no Spotify. A música, com uma estética pop eletrônico genérica, não condizia com o estilo da artista. A confusão foi esclarecida quando se descobriu que a faixa era de Dennis Magkasi, criador de um projeto de músicas geradas por IA chamado “Simone”.
Esse incidente destaca um problema crescente na indústria musical: a proliferação de músicas geradas por IA, conhecidas como IA slop, que competem com artistas reais. O Spotify, a maior plataforma de streaming do mundo, enfrenta críticas por sua incapacidade de diferenciar conteúdo humano de criações automatizadas. A música de Magkasi permaneceu no perfil de Simone por quase um mês, evidenciando falhas na catalogação.
A situação reflete uma mudança na lógica da produção musical, onde a curadoria artística é substituída por uma abordagem industrial. O livro *Mood Machine: The Rise of Spotify and the Costs of the Perfect Playlist*, da jornalista Liz Pelly, revela que o Spotify implementou um programa chamado “Perfect Fit Content” para aumentar a quantidade de músicas baratas em suas playlists, reduzindo os royalties pagos a artistas reais.
O produtor musical Felipe Vassão alerta que a saturação do mercado, com mais de 100 mil músicas lançadas diariamente, é agravada pela presença de faixas geradas por IA. Ele observa que a facilidade de criar músicas por meio de prompts contrasta com o esforço necessário para compor uma canção original. Essa mudança pode levar a uma “paisagem sonora empobrecida”, onde a repetição e a imitação substituem a inovação.
Casos como o da banda The Velvet Sundown, que viralizou com músicas geradas por IA, ilustram a falta de transparência na indústria. Apesar de admitir que seu projeto era uma farsa artística, o Spotify não removeu as músicas nem alertou os ouvintes sobre sua origem. A plataforma não oferece um selo para identificar músicas criadas por IA, ao contrário de concorrentes como Deezer e YouTube, que já tomaram medidas para proteger criadores humanos.
A ausência de regulamentação e a lógica comercial que prioriza a produção em massa sobre a qualidade artística levantam questões sobre o futuro da música. Vassão destaca que, enquanto a IA pode ser uma ferramenta útil, seu uso para substituir artistas humanos pode comprometer a essência da música como forma de arte.