- A Novo Nordisk interrompeu os ensaios Evoke e Evoke+, após dois anos, com extensão prevista cancelada, avaliando semaglutida oral antiga em Alzheimer.
- Os estudos não mostraram desaceleração do declínio cognitivo em pacientes com sintomas leves, com impactos em biomarcadores não detalhados pela empresa.
- Os resultados completos serão apresentados em congresso dedicado à doença na próxima semana e, em março, em outro evento.
- As ações da companhia caíram mais de 12% após o anúncio, fechando em baixa, diante do ceticismo de analistas.
- O experimento utilizou o comprimido Rybelsus (semaglutida) em Alzheimer; a companhia já havia classificado o estudo como “bilhete de loteria” pela incerteza.
A Novo Nordisk informou que os estudos Evoke e Evoke+ sobre Alzheimer foram interrompidos após dois anos de acompanhamento, sem a extensão prevista. Os dados indicam pouca ou nenhuma desaceleração do declínio cognitivo nos pacientes com sintomas leves.
Os testes avaliavam uma versão oral antiga da semaglutida, associada a Rybelsus, e buscaram medir efeitos em milhares de pacientes. A empresa já havia classificado a possibilidade de sucesso como incerta, comparando o cenário a um bilhete de loteria.
Impacto e reação inicial
A notícia gerou queda nas ações da Novo Nordisk, com queda de mais de 12% no pregão e fechamento em baixa de 6%, o menor patamar desde julho de 2021. A Eli Lilly teve ganhos de cerca de 1% no mesmo dia.
A farmacêutica informou que houve impacto em biomarcadores da doença, sem detalhar quais. O presidente-executivo Mike Doustdar afirmou, em vídeo, que o estudo terminou após dois anos, apesar da extensão planejada para um terceiro ciclo.
Contexto de mercado e próximos passos
Analistas destacaram ceticismo com as ambições da Novo no tratamento do Alzheimer. A UBS estimou apenas 10% de chance de sucesso. A ação da Lilly subiu, refletindo perspectivas diferentes entre as companhias.
O ensaio envolveu 3.808 pacientes em estágio inicial e utilizou uma escala para medir mudanças em memória e autocuidado ao longo de dois anos. O objetivo era retardar o declínio cognitivo em 20%.
Continuidade da pesquisa e agenda
A Novo Nordisk apresentará os principais resultados do estudo em um congresso dedicado ao Alzheimer na próxima semana. Dados completos devem ser divulgados em março, em outro evento. A Associação de Alzheimer afirmou que a área continua em investigação, embora o comprimido de semaglutida não tenha mostrado benefício neste caso.
Os ensaios visavam confirmar se GLP-1, usados no tratamento de diabetes e na perda de peso, poderiam impactar o Alzheimer. A doença afeta mais de 55 milhões de pessoas globalmente, sem cura conhecida.