O Brasil está enfrentando sérios problemas na coleta de dados meteorológicos. Um levantamento mostrou que 15 das 26 capitais têm estações automáticas com falhas, algumas paradas há meses. O Instituto Nacional de Meteorologia, conhecido como Inmet, está com o orçamento reduzido e perdeu muitos profissionais, o que dificulta a manutenção das estações. No país, as 564 estações automáticas têm uma taxa média de falhas de 22,4%, e as mais antigas chegam a 30%. A maioria das estações está em operação há mais de dez anos, e apenas três novas foram instaladas nos últimos cinco anos. Em algumas capitais, como Aracaju, as estações não medem temperatura há meses. Essa falta de dados confiáveis prejudica as previsões do tempo, e o Inmet, que teve seu orçamento cortado de 29,1 milhões de reais em 2020 para quase metade em 2023, enfrenta dificuldades para manter a infraestrutura. O número de meteorologistas caiu de 71 para 27, e o último concurso para novos profissionais foi cancelado. A situação atual levanta preocupações sobre a precisão das previsões climáticas e a capacidade do Brasil de lidar com eventos extremos.
O Brasil enfrenta sérios problemas na coleta de dados meteorológicos, com uma rede de estações automáticas envelhecida e uma alta taxa de falhas. Um levantamento da Folha, com dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), aponta que 15 das 26 capitais apresentam problemas nas estações, algumas inoperantes há meses. O Inmet, além de enfrentar cortes orçamentários, viu sua equipe de profissionais diminuir drasticamente, comprometendo a manutenção da infraestrutura.
As 564 estações automáticas do país têm uma taxa média de pane de 22,4% das horas de operação. Isso significa que, em média, a cada cinco horas, uma estação deixa de captar dados por uma hora. As estações mais antigas, com cerca de 25 anos, têm uma taxa de falhas ainda maior, chegando a 30% do tempo. Cidades como Salvador, Brasília e Manaus enfrentam essa situação crítica.
Envelhecimento da Rede
A análise revela que 88,1% das estações automáticas estão em operação há mais de dez anos. Nos últimos cinco anos, apenas três novas estações foram instaladas. O período de maior expansão ocorreu entre 2006 e 2008, com a implementação de 347 estações. Especialistas alertam que a falta de manutenção e a exposição a intempéries agravam o problema. A Organização Meteorológica Mundial (OMM) destaca a importância da calibração e manutenção, mas não estabelece um prazo para a aposentadoria das estações.
Em várias capitais, a situação é alarmante. Em Aracaju, a estação automática não mede temperatura desde 17 de outubro de 2024. Recife e Teresina também enfrentam problemas similares, com estações fora de operação. O professor Artur Jacobus, da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), afirma que 15 capitais estão “praticamente no escuro”.
Impactos na Previsão do Tempo
A inconsistência na coleta de dados compromete a precisão das previsões climáticas. Ricardo de Camargo, professor da Universidade de São Paulo (USP), ressalta que a falta de dados confiáveis impede a construção de modelos de previsão eficazes. Além disso, a situação é agravada pela dependência de dados de satélites estrangeiros, enquanto o Brasil planeja desenvolver seu próprio satélite meteorológico.
O Inmet, que teve seu orçamento reduzido de R$ 29,1 milhões em 2020 para quase a metade em 2023, enfrenta desafios para manter a infraestrutura. Embora tenha anunciado um plano de reestruturação com um aporte de R$ 200 milhões, a falta de profissionais é preocupante. O número de meteorologistas caiu de 71 para 27 nos últimos anos, e o último concurso foi cancelado.
A situação atual das estações meteorológicas no Brasil levanta questões sobre a confiabilidade das previsões climáticas e a capacidade do país de lidar com eventos extremos em um cenário de emergência climática.
Entre na conversa da comunidade