- A inflação oficial registrou deflação de -0,11% em agosto, abaixo da expectativa de -0,15% do mercado.
- A queda foi impulsionada por bens industrializados, como automóveis novos e vestuário, enquanto a energia elétrica teve deflação menor do que o esperado.
- Economistas alertam que a deflação pode ser temporária e que os núcleos inflacionários permanecem elevados, com pressão contínua nos serviços.
- A deflação em alimentos no domicílio foi de -0,83%, com a variação acumulada em doze meses caindo de 7,11% para 7,01%.
- Projeções de inflação para 2025 e 2026 permanecem em 4,8% e 4,5%, respectivamente, com a atenção voltada para o comportamento dos núcleos de serviços em setembro.
A inflação oficial apresentou uma deflação de -0,11% em agosto, resultado que ficou abaixo da expectativa de -0,15% do mercado. Economistas apontam que essa queda reflete efeitos temporários, sem indicar uma melhora estrutural na inflação. A análise sugere cautela, já que os núcleos inflacionários permanecem elevados e a demanda por serviços continua a pressionar os preços.
Os bens industrializados, especialmente automóveis novos e vestuário, foram os principais responsáveis pela deflação menor que o esperado. Enquanto a energia elétrica teve uma deflação, a expectativa era de uma queda mais acentuada. Leonardo Costa, economista do ASA, destaca que os descontos temporários em serviços, como os da Semana do Cinema, podem ter reduzido artificialmente o índice, mas devem pressionar o IPCA em setembro.
Pressão nos Serviços
Alexandre Maluf, economista da XP, observou que a deflação em vestuário foi de 0,72%, superando a expectativa de -0,35%. Além disso, o setor de educação registrou um aumento de 0,75% devido a reajustes e ao período de matrículas. Lucas Barbosa, da AZ Quest, reforçou que a pressão nos serviços, especialmente aqueles intensivos em mão de obra, continua a ser um fator preocupante.
A deflação em alimentos no domicílio foi de -0,83%, puxada principalmente por produtos in natura. No acumulado de 12 meses, a variação na alimentação em domicílio caiu de 7,11% para 7,01%. André Valério, economista sênior do Inter, alerta que a estabilidade do núcleo da inflação em 0,3% indica que a desinflação pode estar perdendo força.
Projeções Futuras
As projeções de inflação para os próximos anos permanecem inalteradas, com a XP mantendo a expectativa de 4,8% para 2025 e 4,5% para 2026. Tatiana Pinheiro, economista-chefe da Galapagos Capital, enfatiza que o comportamento dos núcleos de serviços em setembro será crucial para entender a pressão da demanda sobre os preços.
Maluf acredita que a surpresa nos dados pode ser pontual, mas a média dos núcleos voltou a acelerar, exigindo cautela em relação a cortes de juros. Barbosa concorda que o Banco Central deve manter uma postura rigorosa na próxima reunião do Copom, enquanto Valério prevê que a política monetária restritiva deve se prolongar, com possíveis cortes a partir de dezembro.