- A diretora de riscos soberanos da Fitch Ratings, Shelly Shetty, afirmou que a melhora na nota de crédito do Brasil não está próxima.
- Ela destacou a necessidade de consolidação fiscal e reformas para estabilizar a dívida e promover o crescimento econômico.
- Apesar de uma projeção de crescimento de 2,5% para este ano e queda na taxa de desemprego, o Brasil mantém nota BB, dois níveis abaixo do grau de investimento.
- A dívida do país deve alcançar 79,3% do PIB em 2025, em comparação aos 56% de 2008, quando o Brasil obteve o selo de bom pagador.
- Shelly ressaltou que o governo deve cumprir a meta de déficit primário, mas enfrenta desafios fiscais e um ano eleitoral em 2026.
Brasil ainda distante de recuperar grau de investimento, afirma Fitch Ratings
A diretora de riscos soberanos da Fitch Ratings, Shelly Shetty, declarou que a melhora na nota de crédito do Brasil não está próxima. Durante sua visita ao país, ela destacou a necessidade de consolidação fiscal e reformas para estabilizar a dívida e fomentar o crescimento econômico.
Apesar de um crescimento econômico acima do esperado, com 2,5% projetados para este ano, e uma taxa de desemprego em queda, o Brasil permanece com nota BB e perspectiva estável, dois níveis abaixo do grau de investimento. Desde que perdeu esse selo em 2015, o país enfrenta um déficit fiscal elevado e um cenário de crescimento mais fraco em comparação a anos anteriores.
Shelly comparou a situação atual com a de 2008, quando o Brasil obteve o selo de bom pagador. Naquela época, o crescimento do PIB foi de 4,8%, enquanto a expectativa para 2025 é de que a dívida alcance 79,3% do PIB, um aumento significativo em relação aos 56% registrados em 2008. A analista enfatizou que, em média, países levam seis anos para recuperar o grau de investimento perdido, mas no caso do Brasil, já se passaram dez anos.
Desafios fiscais e eleitorais
A economista ressaltou que o governo deve cumprir a meta de déficit primário este ano, mas enfrenta desafios como previsões de crescimento mais baixas e receitas que dependem de medidas no Congresso. Além disso, 2026 será um ano eleitoral, o que pode complicar ainda mais a situação fiscal.
Shelly também apontou que o Brasil precisa promover cortes de gastos e aumentar a arrecadação para gerar um superávit primário de 2% a 3% do PIB, essencial para estabilizar a dívida. Em contraste, o México, que possui grau de investimento, mantém uma dívida em torno de 45-60% do PIB, demonstrando uma capacidade de controle fiscal ao longo do tempo.
Expectativas de inflação e política monetária
A diretora da Fitch observou que as tarifas impostas pelos Estados Unidos ao Brasil não devem impactar significativamente a economia, dada a baixa exposição do país a essas exportações. Além disso, destacou a resiliência do Brasil em absorver choques econômicos, graças a suas grandes reservas internacionais e ao regime cambial flexível.
Shelly elogiou a determinação do Banco Central brasileiro em perseguir a meta inflacionária, mesmo com o IPCA acumulando alta de 5,13% nos últimos doze meses, acima do teto da meta de 4,5%. Ela defendeu a independência dos bancos centrais para garantir a estabilidade macroeconômica e a importância de manter a inflação sob controle.