- O preço do café subiu 22% em setembro, impulsionado por tarifas dos Estados Unidos e falta de chuvas.
- A tarifa americana aumentou a taxa de importação do café brasileiro para 50%.
- Desde a implementação da tarifa em agosto, o preço do arábica subiu 48% na Bolsa de Nova York.
- A atual safra já apresenta perdas de rendimento entre 5% e 10%, o que representa de duas a quatro milhões de sacas a menos do que o esperado.
- A expectativa é que a alta dos preços continue até a próxima safra, prevista para julho de 2026.
O preço do café enfrenta nova alta, com aumento de 22% em setembro, impulsionado por tarifas dos EUA e condições climáticas adversas. Segundo Marcio Candido Ferreira, presidente do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), essa tendência pode se estender até a próxima safra, prevista para julho de 2026.
Após uma queda de 10% em agosto, o preço do café voltou a subir, refletindo a pressão da demanda e a quebra de safra. A tarifa imposta pelo governo americano, que elevou a taxa de importação do café brasileiro para 50%, contribuiu para o aumento das cotações nas bolsas de Nova York e Londres, que se aproximam dos recordes do ano passado. Desde a implementação da tarifa, em 6 de agosto, o preço do arábica subiu 48% na Bolsa de Nova York.
As chuvas nas regiões produtoras de arábica, embora tenham trazido um leve alívio, não foram suficientes para conter a alta. Atualmente, as cotações permanecem 26% acima dos valores anteriores às tarifas em Nova York e 23% em Londres. No Brasil, o conilon teve alta de 40% e o arábica de 30%. Ferreira explica que a negociação do café é baseada na cotação da Bolsa, acrescida de ágio ou deságio, e que a procura por alternativas ao café brasileiro fez com que produtores de outros países aumentassem seus preços.
A expectativa de continuidade na alta dos preços está ligada à quantidade de chuvas nos próximos meses. A falta de precipitações pode comprometer a floração e o desenvolvimento dos grãos, resultando em perdas significativas na próxima safra. A atual safra já apresenta uma perda de rendimento entre 5% e 10%, o que representa de dois a quatro milhões de sacas a menos do que o esperado.
Ferreira destaca que a situação atual é favorável para os produtores, mas prejudicial para comerciantes e consumidores. Ele também ressalta a importância de discutir não apenas o impacto das tarifas, mas também o compromisso do Brasil com a produção sustentável e a remuneração justa dos produtores. Atualmente, o país repassa entre 91% e 95% do valor FOB exportado, o que é fundamental para melhorar os índices de qualidade de vida dos agricultores e suas famílias.