- O governo dos Estados Unidos aumentou a taxa de solicitação do visto H-1B para $ 100 mil, a partir de outubro.
- O novo processo incluirá um exame técnico mais rigoroso.
- Especialistas alertam que essas mudanças podem restringir a entrada de profissionais qualificados, especialmente nas áreas de tecnologia e saúde.
- Em 2024, foram registradas 2.638 petições de brasileiros para o visto H-1B, com 1.801 vistos emitidos.
- Empresas que dependem de mão de obra estrangeira podem enfrentar desafios, enquanto países como Canadá e Austrália podem se beneficiar dessa situação.
O governo dos Estados Unidos anunciou um aumento significativo na taxa de solicitação do visto H-1B, que passará de valores entre US$ 1.500 e US$ 6.000 para US$ 100 mil. Essa mudança, que entrará em vigor em outubro, também inclui a implementação de um exame técnico mais rigoroso. Especialistas alertam que essas medidas podem restringir a entrada de profissionais qualificados, especialmente em setores como tecnologia e saúde, onde há uma carência de mão de obra local.
Renato Oliveira, diretor de negócios da Bicalho Consultoria Legal, destaca que o H-1B sempre foi um canal essencial para atrair talentos internacionais. Com o novo custo, muitas empresas, especialmente as de médio porte, podem não conseguir arcar com as despesas, o que deve intensificar a competição entre grandes corporações. A International Law Association (ILA) já considera contestar judicialmente o aumento da taxa.
Impactos para os Brasileiros
Os dados mostram que o visto H-1B é relevante para brasileiros. Em 2024, foram registradas 2.638 petições para cidadãos nascidos no Brasil, com 1.801 vistos emitidos no último ano. O total de petições H-1B apresentadas ao USCIS foi de 427.084, um aumento de cerca de 10% em relação ao ano anterior. Vinicius Bicalho, advogado especializado em Direito Migratório, explica que a diferença entre os números se deve à contagem de aprovações de mudança de status.
As novas barreiras podem dificultar a competição de profissionais brasileiros, mesmo em áreas de alta demanda. Oliveira ressalta que, embora a medida vise proteger o mercado de trabalho americano, ela pode gerar efeitos colaterais significativos, como a dificuldade em contratar mão de obra qualificada.
Consequências para o Mercado
Empresas que dependem de profissionais estrangeiros podem enfrentar desafios que comprometam sua inovação e competitividade. Ao mesmo tempo, países como Canadá e Austrália, que possuem programas de atração de talentos, podem se beneficiar desse cenário. Para o Brasil, a situação é ambivalente: enquanto há uma redução nas oportunidades de internacionalização, pode haver uma chance de reter talentos e até atrair de volta profissionais qualificados.
Essas mudanças na política de imigração dos EUA podem, a médio prazo, diminuir a atratividade do país como um polo de inovação, abrindo espaço para novos centros globais de mobilidade qualificada.