- A pontualidade nos pagamentos de faturas de cartão no Brasil caiu para 78,1%, segundo pesquisa da Serasa Experian divulgada em outubro de 2025.
- A queda de 2,8 pontos percentuais em relação ao ano anterior indica que mais brasileiros enfrentam dificuldades financeiras.
- Aproximadamente 78,2 milhões de CPFs estão negativados, com a dívida média dos inadimplentes em R$ 6.177.
- Cerca de 8 milhões de CNPJs também estão negativados, evidenciando a fragilidade das empresas no cenário atual.
- A alta taxa Selic e a postura cautelosa das instituições financeiras dificultam a recuperação do crédito e podem impactar a economia no segundo semestre de 2025.
O mercado de crédito brasileiro enfrenta um cenário preocupante, com a pontualidade nos pagamentos de faturas de cartão caindo para 78,1%. A pesquisa da Serasa Experian, divulgada em outubro de 2025, revela um aumento nos atrasos, indicando dificuldades financeiras que impactam tanto consumidores quanto empresas.
A queda de 2,8 pontos percentuais em relação ao ano anterior sinaliza que mais brasileiros estão enfrentando desafios para honrar suas obrigações. A economista da Serasa Experian, Camila Abdelmalack, destaca que essa deterioração é um reflexo da restrição financeira das famílias, exacerbada pelos juros elevados. Em particular, a pontualidade entre homens caiu de 81% para 78,4%, enquanto entre mulheres a queda foi de 80,9% para 77,9%.
Cenário de Inadimplência
Atualmente, cerca de 78,2 milhões de CPFs estão negativados, com 28% das dívidas relacionadas a bancos e administradoras de cartões. A dívida média dos inadimplentes é de R$ 6.177, o que representa aproximadamente quatro salários mínimos. A economista ressalta que a situação não é resultado de uma mudança no comportamento do consumidor, mas sim da postura mais cautelosa das instituições financeiras em relação à concessão de crédito.
Os altos índices de inadimplência e a queda na pontualidade de pagamentos criam um ciclo vicioso. Com a taxa Selic elevada, o custo das dívidas aumenta, dificultando as renegociações e levando os bancos a restringirem limites de crédito. Isso, por sua vez, limita a recuperação do crédito e pode comprometer a atividade econômica no segundo semestre de 2025.
Impacto nas Empresas
A situação não é exclusiva dos consumidores. Aproximadamente 8 milhões de CNPJs estão negativados, refletindo a fragilidade do setor produtivo. Apesar de um mercado de trabalho aquecido, as empresas enfrentam dificuldades para honrar seus compromissos financeiros. Abdelmalack alerta que uma possível piora no mercado de trabalho pode agravar ainda mais o cenário.
Em resumo, a queda na pontualidade dos pagamentos e o aumento da inadimplência indicam que a recuperação do crédito no Brasil pode ser mais lenta do que o esperado. Com juros altos e consumidores endividados, o sistema de crédito entra em um ciclo de cautela que pode impactar negativamente a economia real.
