- Correios buscam empréstimo de R$ 20 bilhões com garantia do Tesouro, para quitar dívidas e fortalecer o caixa, sem redesenhar o modelo de operação; aprovação depende de plano de reestruturação viável.
- Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal lideram as negociações, mas há resistência dos bancos; custo aos contribuintes pode existir se houver inadimplência.
- Rombo acumulado no primeiro semestre de 2025 chegou a R$ 4,3 bilhões, e dívidas totais somam R$ 9,4 bilhões; receitas devem cair 11,3% até 2024.
- Especialistas dizem que o empréstimo cobre apenas obrigações de curto prazo; defesa de modernização e investimentos em tecnologia mostra que o montante é insuficiente para competir com operadores privados.
- Privatização está fora do radar; solução pode exigir redução de serviços e melhoria de eficiência; presidente afirma que, se aprovado, houve possibilidade de lucro em 2027.
Os Correios buscam um empréstimo de R$ 20 bilhões com garantia do Tesouro, visando reestruturar a estatal que enfrenta uma crise histórica. O presidente Emmanoel Rondon afirma que os recursos serão utilizados para quitar dívidas e fortalecer o caixa, mas não para redesenhar o modelo de operação. A aprovação do empréstimo depende de um plano de reestruturação que convença os bancos, que já demonstram resistência à operação.
Os bancos públicos, como Banco do Brasil e Caixa, lideram as negociações, mas especialistas alertam que o valor solicitado é insuficiente para garantir a competitividade da empresa em relação aos operadores privados. O rombo acumulado pelos Correios chegou a R$ 4,3 bilhões no primeiro semestre de 2025, enquanto as dívidas totais somam R$ 9,4 bilhões. A previsão é que as receitas continuem em queda, com uma redução de 11,3% até 2024.
Desafios da Reestruturação
A análise de especialistas indica que o empréstimo apenas cobrirá as obrigações financeiras de curto prazo. Para Paulo Fernandes de Oliveira, da Fundação Getulio Vargas, o foco deve estar em modernização e tecnologia, o que exige investimentos significativos. Comparações com o Mercado Livre, que planeja investir o mesmo valor em logística em um ano, evidenciam a insuficiência do montante para transformar a estatal.
Embora os Correios afirmem que o recurso permitirá regularizar dívidas e recuperar a capacidade operacional, a opção pelo empréstimo foi uma alternativa para evitar a dependência direta do Tesouro. A aprovação formal do empréstimo depende do detalhamento do plano de reestruturação, que deve demonstrar viabilidade financeira e geração de fluxo de caixa.
O Futuro dos Correios
Carlos Henrique, CEO da fintech Sttart Pay, destaca que o plano deve responder a questões cruciais sobre a geração de valor e cortes de despesas. Sem essas evidências, os bancos podem considerar o empréstimo um financiamento de déficits operacionais. A falta de reformas estruturais pode levar a um risco moral, onde a má gestão continua sendo premiada.
Rondon acredita que, caso o empréstimo seja aprovado, os Correios podem voltar a ter lucro em 2027. No entanto, especialistas alertam que a reestruturação deve ser profunda e envolver a definição de métricas e eficiência. A privatização da estatal, embora discutida, está fora do radar do governo, e a solução pode passar por uma redução de serviços para aumentar a eficiência.