- O Banco Asiático de Investimento em Infraestrutura (AIIB), durante a COP30, lançou o relatório Unlocking Finance for Nature as Infrastructure, que propõe tratar ecossistemas como ativos de infraestrutura e padronizar contratos e métricas para reduzir riscos e incentivar investimentos.
- O documento aponta a criação de uma taxonomia de finanças para a natureza e Princípios Comuns de Rastreio, com foco em contratos de desempenho e em PPPs (parcerias público-privadas).
- Projetos-piloto na Mongólia, Colômbia ( Terrasos) e China demonstram a viabilidade da abordagem, com zona úmida evoluindo para escala maior na Mongólia e Terrasos integrando construção, operação e financiamento na Colômbia.
- A mudança permite que florestas, zonas úmidas e outros ecossistemas sejam considerados ativos de infraestrutura, facilitando o planejamento financeiro e o reconhecimento de seu valor econômico por bancos e investidores.
- Citado por Henry Paulson, a urgência é destacada: regulamentação da União Europeia aumenta exigências de divulgação de impactos ambientais, e o sucesso depende de bancos multilaterais desenvolverem contratos e sistemas de monitoramento eficazes.
Na COP30, o Banco Asiático de Investimento em Infraestrutura (AIIB) lançou o relatório “Unlocking Finance for Nature as Infrastructure”, que propõe uma nova abordagem para transformar ecossistemas em ativos investíveis. O documento destaca a necessidade de padronização em contratos e métricas de desempenho, visando reduzir riscos e incentivar investimentos em soluções baseadas na natureza.
Historicamente, a natureza era vista como uma externalidade ambiental, dificultando a atração de capital. O relatório sugere que florestas, zonas úmidas e outros ecossistemas devem ser tratados como infraestrutura, uma mudança que pode atrair financiamento privado. Erik Berglof, economista-chefe do AIIB, enfatiza que sem marcos regulatórios claros e resultados mensuráveis, os investimentos em natureza permanecem isolados.
Projetos Piloto e Taxonomia de Finanças
O relatório menciona projetos-piloto na Mongólia, Colômbia e China que demonstram a viabilidade dessa nova abordagem. Na Mongólia, um projeto de zona úmida evoluiu de uma pequena iniciativa para um projeto em larga escala após a incorporação de valor aos serviços ecossistêmicos. Na Colômbia, o banco de habitat Terrasos aplica um modelo que integra construção, operação e financiamento, similar às parcerias público-privadas (PPPs).
Esses exemplos sinalizam uma mudança significativa na forma como os ecossistemas são vistos. A taxonomia de finanças para a natureza e os Princípios Comuns de Rastreio são iniciativas que visam criar um sistema de classificação para investimentos que priorizem a natureza. Com isso, a natureza pode ser integrada ao planejamento financeiro, permitindo que bancos e investidores reconheçam seu valor econômico.
Urgência e Oportunidades para Empresas
Henry Paulson, ex-secretário do Tesouro dos EUA, destaca a urgência dessa transformação, afirmando que a natureza não é um luxo, mas sim um sistema de suporte essencial. Para as empresas, a mudança representa uma oportunidade de reduzir riscos operacionais e custos, ao tratar ecossistemas como ativos estratégicos. A crescente regulamentação da União Europeia e novas exigências de divulgação de impactos ambientais tornam essa abordagem ainda mais relevante.
O futuro das finanças para a natureza dependerá da capacidade de bancos multilaterais em desenvolver contratos e sistemas de monitoramento eficazes. Se bem-sucedidos, ecossistemas poderão ser considerados ativos investíveis, mudando a dinâmica da operação empresarial e a forma como o capital é alocado em projetos sustentáveis.