- Juros altos no Brasil, em 15% ao ano, impactaram a tesouraria dos quatro maiores bancos de varejo e reduziram em R$ 12,4 bilhões os resultados nos primeiros nove meses de 2025.
- O descompasso entre crédito pré-fixado e depósitos atrelados à Selic eleva o custo de captação e o carregamento das carteiras de crédito.
- Moody’s Investors Service (Moody’s) aponta que a pressão negativa sobre a rentabilidade dos bancos aumenta em períodos de alta acelerada dos juros.
- Itaú Unibanco protegia balanço com alocação de capital em Chile e Colômbia; a instituição eleva a projeção de resultados para até R$ 3,5 bilhões em 2025, com margem de mercado ainda forte, segundo o presidente executivo Milton Maluhy.
- Banco do Brasil também sente o efeito da Selic alta, com dependência de depósitos a prazo e mudanças na captação diante de competição e taxas elevadas.
Os juros altos no Brasil, atualmente em 15% ao ano, impactaram severamente os resultados de tesouraria dos quatro maiores bancos de varejo do país. Nos primeiros nove meses de 2025, esses bancos registraram uma queda de R$ 12,4 bilhões em seus resultados, uma situação atribuída ao descompasso entre as taxas de crédito pré-fixado e os depósitos que variam conforme a Selic.
O descompasso entre crédito e depósitos é um dos principais fatores que elevam os custos de captação. A maior parte do crédito oferecido é pré-fixado, enquanto os depósitos estão sujeitos às flutuações da Selic. Isso significa que, com a alta dos juros, o custo de carregamento das carteiras de crédito também aumenta, dificultando a gestão financeira dos bancos. Alexandre Albuquerque, analista sênior da Moody’s, destacou que a pressão negativa na rentabilidade dos bancos se intensifica em períodos de alta acelerada dos juros.
Impactos nos Bancos
Além do aumento no custo de captação, os bancos com operações internacionais enfrentam desafios adicionais. O Itaú Unibanco, por exemplo, realiza proteções em seu balanço devido à alocação de capital em países como Chile e Colômbia. Apesar disso, o banco dobrou sua expectativa de resultados, prevendo até R$ 3,5 bilhões em 2025. O CEO do Itaú, Milton Maluhy, afirmou que a margem com mercado continua forte e estável.
O Banco do Brasil também sente os efeitos da alta da Selic, especialmente em relação à sua dependência de depósitos a prazo. A competição acirrada e as taxas elevadas tornaram a poupança menos atrativa, levando a uma mudança na estrutura de captação do banco. Segundo Albuquerque, essa mudança não pode ser atribuída apenas a uma estratégia dos bancos, mas também à realidade das taxas de juros.