- Desde a retomada do poder pelos talibãs em agosto de 2021, as mulheres afegãs enfrentam severas restrições a seus direitos, incluindo proibição de educação e trabalho.
- Fahr Parsi, advogada de 29 anos, criou um clube de leitura clandestino após o fechamento de sua biblioteca em Cabul.
- O clube utiliza plataformas digitais como WhatsApp e Telegram para compartilhar livros, com cerca de 300 mulheres participando.
- As mulheres que tentam se educar em segredo enfrentam riscos de detenção e violência, com relatos de prisões e torturas.
- Mulheres afegãs no exílio também se mobilizam, promovendo círculos de leitura e discutindo a resistência contra a opressão talibã.
Desde a volta dos talibãs ao poder em agosto de 2021, as mulheres afegãs enfrentam um regime que impõe severas restrições a seus direitos. A proibição de educação e trabalho, além de limitações na liberdade de movimento, caracterizam um verdadeiro apartheid de gênero.
Fahr Parsi, uma advogada de 29 anos, viu sua biblioteca para mulheres em Cabul ser fechada após a tomada do poder. Para resistir, ela e outras mulheres criaram um clube de leitura clandestino, utilizando plataformas digitais como WhatsApp e Telegram para compartilhar livros. Cerca de 300 mulheres já participam do grupo, onde são trocados arquivos em PDF e impressos de obras literárias.
As restrições impostas pelos talibãs incluem a proibição de que meninas frequentem a escola secundária e universidades, além de limitarem o acesso a espaços públicos. A repressão é tão intensa que mulheres que tentam se educar em segredo enfrentam riscos de detenção e violência. Parsi relata que algumas de suas amigas foram presas e torturadas, e a pressão familiar para desistir do ativismo é constante.
Resistência e Educação
Apesar do ambiente hostil, a demanda por livros e educação clandestina cresce. Fahr Parsi e suas colegas realizam sessões de leitura em segredo, sempre com cautela, temendo a infiltração de espiões talibãs. O clube de leitura se tornou um espaço de resistência, onde as participantes discutem obras que abordam temas como repressão e identidade.
A jovem Fahima, de 18 anos, sonhava em ser médica, mas teve seus estudos interrompidos. Através do clube, ela leu 35 livros e se inspirou a escrever sobre a vida sob o regime talibã. A literatura se tornou uma forma de escapismo e esperança em um futuro incerto.
Redes de Apoio
Enquanto isso, mulheres afegãs no exílio também se mobilizam. Maryam Amwaj, na Alemanha, coordena círculos de leitura para meninas no Afeganistão, selecionando livros e promovendo discussões. Shahrbanu Haidari, uma defensora dos direitos das mulheres, afirma que esses clubes são uma forma de resistência contra a opressão talibã.
As mulheres afegãs continuam a lutar por seus direitos, adaptando suas formas de protesto. Embora a repressão tenha aumentado, a determinação em buscar educação e liberdade persiste, mostrando que a resistência se transforma, mas não desaparece.