- A Alemanha enfrenta uma crise no sistema de Ausbildung, seu modelo de treinamento vocacional, com 48% das empresas sem preencher vagas.
- Quase um terço dos estagiários desiste do programa, devido à falta de interesse e baixa qualidade dos candidatos.
- Mais de 25.000 empresas estão sem estagiários, especialmente em setores como indústria e construção.
- A pressão para obter diplomas universitários desvia jovens do treinamento técnico, resultando em uma proporção de 43 estagiários para cada 100 estudantes universitários.
- Reformas são necessárias para revitalizar o sistema, incluindo melhorias na remuneração e no acesso ao Ausbildung.
A Alemanha enfrenta uma crise no sistema de Ausbildung, seu modelo de treinamento vocacional, que já foi elogiado por líderes como Barack Obama. Atualmente, 48% das empresas não conseguem preencher suas vagas, e quase um terço dos estagiários desiste do programa. A situação é alarmante, com a falta de interesse e a baixa qualidade dos candidatos sendo as principais preocupações.
Em Dobbrikow, um jovem de 17 anos, Jannes, optou por um Ausbildung em vez de concluir o ensino médio. Para ele, trabalhar com as mãos é uma vocação. No entanto, a realidade é que muitos jovens estão abandonando o programa. Uma pesquisa da Câmara Alemã de Comércio e Indústria revelou que mais de 25.000 empresas estão sem estagiários, especialmente em setores como indústria e construção. Bernd Fitzenberger, do Institute for Employment Research, aponta uma incompatibilidade entre as vagas disponíveis e os perfis dos candidatos.
Além disso, a crescente demanda por profissionais de TI não é acompanhada pela oferta de programas adequados. Os jovens hesitam em se comprometer com treinamentos que podem ser rapidamente automatizados. A queda nas taxas de natalidade e o envelhecimento da população aumentam a urgência por trabalhadores qualificados.
A busca por estagiários qualificados é um desafio. Dirk Schulze, chefe de Jannes, relata dificuldades em encontrar carpinteiros experientes. A pressão para obter diplomas universitários também desvia jovens do treinamento técnico, resultando em uma proporção de 43 Azubis para cada 100 estudantes universitários, comparado a 755 para 100 em 1950.
As escolas profissionalizantes, que deveriam preparar os alunos, enfrentam desafios como falta de pessoal e currículos desatualizados. A diversidade de níveis de conhecimento entre os alunos também complica o ensino. A situação é crítica, com 73% das empresas reclamando da qualidade dos candidatos.
Para revitalizar o sistema, especialistas e empresas concordam que reformas são necessárias. A remuneração é uma preocupação central, com estagiários em empresas não sindicalizadas recebendo apenas 500 euros por mês. A falta de transporte público em regiões remotas também impede o acesso ao Ausbildung.
Com o novo pacote de infraestrutura de 500 bilhões de euros lançado pelo governo, a necessidade de trabalhadores qualificados se torna ainda mais premente. Fitzenberger alerta que, sem mudanças no sistema de formação, a Alemanha pode enfrentar sérias dificuldades para atender às demandas do futuro.
