- O uso de assistentes de inteligência artificial (IA) generativa, como os do Google, tem crescido entre estudantes e professores.
- Esses serviços gratuitos levantam preocupações sobre privacidade e uso de dados, com a frase “se você não paga pelo produto, você é o produto” alertando para a falta de compensação.
- Estudantes e educadores alimentam essas plataformas com conteúdos educacionais valiosos, que são utilizados para treinar modelos de IA, sem que tenham conhecimento das implicações legais.
- Após o período gratuito, muitos usuários podem se sentir obrigados a continuar utilizando os serviços, mesmo que isso gere custos.
- A falta de negociação entre empresas e instituições de ensino sobre o uso do material educacional gera um cenário de extração de dados, que pode afetar a soberania digital do Brasil.
O uso de assistentes de inteligência artificial (IA) generativa, como os oferecidos pelo Google, tem se expandido rapidamente entre estudantes e professores. Esses serviços, que prometem facilitar a vida acadêmica, levantam preocupações sobre privacidade e uso de dados. A oferta de um plano gratuito por um ano pode parecer vantajosa, mas esconde um alerta: “se você não paga pelo produto, você é o produto”.
Estudantes e educadores estão, sem perceber, alimentando essas plataformas com conteúdos educacionais valiosos, como notas e apostilas, sem receber compensação. Esse material é utilizado para treinar modelos de IA, transformando-se em propriedade intelectual das empresas. A falta de conhecimento jurídico e tecnológico entre os usuários dificulta a compreensão das implicações dessa prática, que pode violar a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).
A Extração de Conteúdo Educacional
Após o período gratuito, os usuários podem se sentir compelidos a continuar utilizando os serviços, mesmo que isso implique em custos. A dependência se torna um fator crítico, pois aqueles que não aderirem podem ficar em desvantagem em relação aos colegas. Essa dinâmica assemelha-se a um cenário de “dopagem” acadêmica, onde o uso de IA se torna uma necessidade para competir.
Além disso, os termos de uso frequentemente não são lidos, permitindo que as empresas se apropriem do conteúdo gerado pelos usuários. No caso do Google, a licença concedida permite que a empresa “hospede, reproduza, distribua e utilize seu conteúdo” para aprimorar algoritmos e desenvolver novos recursos. Essa prática é um reflexo do que muitos chamam de colonialismo digital, onde a extração de dados vai além das informações pessoais, abrangendo todo o conteúdo educacional.
A Necessidade de Ação
Se as empresas desejassem acesso legítimo ao material educacional, poderiam negociar com instituições de ensino e pagar por licenças de uso. Contudo, a realidade atual mostra uma extração desenfreada, sem que os envolvidos compreendam completamente o processo. A situação levanta questões sobre a soberania digital do Brasil e a capacidade do país de competir no cenário global de IA. É essencial que haja uma conscientização sobre esses desafios, para que se possa construir um futuro mais ético e justo na utilização de tecnologias emergentes.