- Pesquisadores brasileiros buscam cartas de indígenas em arquivos na Europa para resgatar histórias esquecidas.
- A professora Suzane Costa e o professor Rafael Xucuru-Kariri, ambos da Universidade Federal da Bahia, exploram museus e bibliotecas na Espanha, Reino Unido, Portugal e Holanda.
- O projeto “As Cartas dos Povos Indígenas ao Brasil” já coletou cerca de 2.000 cartas, com 1.300 disponíveis online.
- A pesquisa foca em três períodos históricos: 1630-1680, 1888-1930 e 1999-2020.
- Um achado importante foi a carta de Antônio Paraupaba, escrita em 1654, que revela as relações entre indígenas e europeus.
Pesquisadores brasileiros estão em busca de cartas de indígenas em arquivos europeus, com o objetivo de resgatar histórias e contribuições esquecidas. A professora Suzane Costa, da Universidade Federal da Bahia (UFBA), e o professor Rafael Xucuru-Kariri, também da UFBA, estão explorando museus e bibliotecas na Espanha, Reino Unido, Portugal e Holanda. A pesquisa faz parte do projeto “As Cartas dos Povos Indígenas ao Brasil”, iniciado há 15 anos, que já coletou cerca de 2.000 cartas, sendo 1.300 disponíveis online.
O foco atual é encontrar documentos de três períodos históricos: 1630-1680, 1888-1930 e 1999-2020. Em outubro, a dupla visitará o Arquivo Nacional da Torre do Tombo, em Portugal, e o Arquivo Nacional da Holanda, em busca de novos materiais. A pesquisa enfrenta desafios, pois muitos documentos não estão catalogados de forma acessível, dificultando a identificação de cartas escritas por indígenas.
Um achado significativo foi a carta de Antônio Paraupaba, escrita em 1654 ao Grande Pensionário da Holanda, Johan de Witt. Paraupaba, um indígena potiguara, buscava informações sobre sua família, revelando a complexidade das relações entre indígenas e europeus. Esse documento, encontrado no Arquivo Nacional da Haia, motivou os pesquisadores a aprofundar suas buscas por novos materiais.
Os pesquisadores não apenas buscam cartas, mas também pistas que ajudem a contar a história de figuras indígenas pouco conhecidas. A intenção é transformar essas cartas em recursos didáticos para escolas brasileiras, promovendo uma maior inclusão da história indígena no currículo escolar. Costa e Xucuru-Kariri acreditam que as cartas são fundamentais para entender a contribuição dos povos indígenas na formação da história do Brasil.