- A moda está enfrentando um retorno à magreza extrema, impulsionado pelo uso de medicamentos como o Ozempic.
- Um relatório da Vogue Business revela que, em 198 desfiles, 97,7% dos looks eram para tamanhos 0 a 4, correspondentes aos tamanhos 34, 36 e 38 no Brasil.
- A consultora Krizia Gatica, da WGSN Mindset, afirma que a associação entre moda e magreza persiste, com o uso de medicamentos para emagrecimento se tornando comum.
- Na São Paulo Fashion Week, a cofundadora Graça Cabral observou uma diminuição no número de modelos plus size, apesar das regras de saúde implementadas.
- O aumento da obesidade global e o alto custo dos tratamentos para emagrecimento, que podem ultrapassar R$ 2 mil mensais, tornam a magreza um indicador de classe social.
Recentemente, a moda tem visto um retorno preocupante à magreza extrema, impulsionado pelo uso de medicamentos como o Ozempic. Essa tendência resulta em uma diminuição na representação de modelos curvilíneos nas passarelas, conforme aponta o Relatório de Inclusividade de Tamanhos da Vogue Business.
Dados do relatório indicam que, em 198 desfiles, 97,7% dos looks apresentados eram para tamanhos 0 a 4, equivalentes aos tamanhos 34, 36 e 38 no Brasil. A estética da magreza, que havia perdido força com o crescimento dos movimentos de body positivity, parece ressurgir em meio a um cenário de conservadorismo e a popularização de tratamentos para emagrecimento.
A consultora Krizia Gatica, da WGSN Mindset, destaca que a associação entre moda e magreza nunca foi superada. O uso de medicamentos para emagrecimento, que se tornaram populares, tem contribuído para essa nova normalização da magreza como ideal estético. A endocrinologista Jacqueline Rizzolli observa que a magreza extrema tem se intensificado nos últimos anos, associada ao uso de canetas emagrecedoras, que atraem até quem não precisa emagrecer.
Impacto nas Passarelas
Na São Paulo Fashion Week (SPFW), a cofundadora Graça Cabral notou uma redução no número de modelos plus size. Embora a SPFW tenha implementado regras para garantir a saúde das modelos, a pressão por padrões estéticos magros continua. A diversidade nas passarelas, que parecia estar em ascensão, agora enfrenta desafios significativos.
Enquanto isso, a obesidade cresce globalmente, especialmente entre populações de baixa renda, que enfrentam dificuldades de acesso a alimentos saudáveis. O custo elevado dos tratamentos para emagrecimento, que pode ultrapassar R$ 2.000 mensais, torna a magreza um marcador de classe social.
A consultora Gatica acredita que as novas gerações estão mais atentas e exigentes em relação à diversidade e inclusão na moda. À medida que o debate sobre esses temas avança, as marcas precisam se comprometer de forma mais profunda com a causa, refletindo as demandas de um público cada vez mais consciente.