- Em julho, 19,6 milhões de famílias brasileiras começaram a receber o benefício do Bolsa Família, com um valor médio de R$ 671,52 por família, equivalente a menos de R$ 9 por dia por pessoa.
- O programa, criado em 2003, unificou iniciativas sociais e teve um impacto significativo na redução da pobreza, especialmente entre mulheres e crianças.
- Entre 2004 e 2019, o Bolsa Família evitou 8,2 milhões de internações e 713 mil mortes, com reduções de 31% nas hospitalizações e 25% na mortalidade.
- Pesquisadores da Universidade Federal da Bahia destacaram que a mortalidade infantil caiu 31% e as hospitalizações de idosos diminuíram quase 50% em áreas com alta cobertura do programa.
- Apesar dos avanços, o programa enfrenta desafios, como o acesso a serviços de saúde em áreas remotas e a desigualdade regional.
Na segunda quinzena de julho, 19,6 milhões de famílias brasileiras começaram a receber o benefício do Bolsa Família, um dos maiores programas de transferência de renda do mundo. Cada família, com média de 2,5 pessoas, recebeu um valor médio de R$ 671,52, que representa menos de R$ 9 por dia por indivíduo. Este montante é ligeiramente superior à linha de pobreza global, estipulada em US$ 3 diários.
O programa, criado em 2003, unificou iniciativas sociais anteriores e teve um impacto significativo na redução da pobreza, especialmente entre mulheres e crianças. Estudos recentes indicam que, entre 2004 e 2019, o Bolsa Família evitou 8,2 milhões de internações e 713 mil mortes em 3.671 municípios. A redução média foi de 31% nas hospitalizações e 25% na mortalidade.
Impactos na Saúde
Pesquisadores da Universidade Federal da Bahia analisaram dados de nascimento e óbito, concluindo que o programa foi crucial para a melhoria dos indicadores de saúde. A mortalidade infantil caiu 31% entre crianças menores de cinco anos, enquanto as hospitalizações de idosos diminuíram em quase 50% nas áreas com alta cobertura do programa.
Além disso, o Bolsa Família impõe condicionalidades que incentivam a educação e a saúde. Famílias beneficiárias devem garantir que crianças frequentem a escola e mantenham a vacinação em dia. Em julho, apenas 0,24% das famílias estavam com o benefício suspenso.
Desafios e Oportunidades
Apesar dos avanços, o programa enfrenta desafios, como a dificuldade de acesso a serviços de saúde em áreas remotas. Especialistas apontam que, embora o Bolsa Família garanta o básico, não resolve as causas estruturais da pobreza. A desigualdade regional ainda é um obstáculo significativo.
Pesquisas indicam que o programa também contribuiu para a redução da mortalidade materna e do risco de câncer de mama. No entanto, a alimentação complementar de crianças beneficiárias mostrou resultados inferiores em comparação a não beneficiários, refletindo a vulnerabilidade das famílias mais pobres.
O Bolsa Família, que já atendeu 21,9 milhões de famílias em janeiro de 2023, continua a ser uma ferramenta vital na luta contra a pobreza no Brasil, com um orçamento que cresceu de 0,3% do PIB em 2004 para 1,5% em 2024.