- O governo talibã do Afeganistão baniu 680 livros, incluindo 140 escritos por mulheres, e suspendeu 18 disciplinas universitárias.
- A decisão foi anunciada no final de agosto e faz parte das restrições aos direitos das mulheres desde 2021.
- Entre os livros proibidos estão obras sobre direitos humanos e assédio sexual.
- Seis das disciplinas banidas tratam de questões femininas, refletindo uma política de exclusão na educação.
- Professores enfrentam dificuldades para adaptar o currículo, o que pode afetar a qualidade da educação superior no país.
O governo talibã do Afeganistão anunciou a proibição de 680 livros, incluindo 140 obras escritas por mulheres, e a suspensão de 18 disciplinas universitárias. Essa decisão, comunicada no final de agosto, é parte de uma série de restrições que visam limitar os direitos das mulheres desde que o Talibã reassumiu o poder em 2021.
Entre os livros banidos estão títulos sobre direitos humanos e temas relacionados ao assédio sexual. Um membro do comitê de revisão confirmou que nenhum livro de autoria feminina será ensinado nas universidades. Seis das disciplinas proibidas abordam especificamente questões femininas, refletindo uma política de exclusão e controle sobre a educação das mulheres.
As restrições têm um impacto devastador na educação feminina. Desde 2021, as mulheres estão proibidas de estudar a partir da sétima série, e os cursos de obstetrícia, uma das últimas oportunidades de qualificação, serão encerrados em 2024. O Talibã defende suas ações, afirmando que respeita os direitos das mulheres de acordo com sua interpretação da cultura afegã e da lei islâmica.
Repressão à Educação
Além da proibição de livros escritos por mulheres, a lista de títulos banidos inclui obras de cerca de 300 autores e editores iranianos. A intenção do Talibã é evitar a “infiltração de conteúdo iraniano” no currículo afegão. A lista, com 50 páginas, foi enviada a todas as universidades do país, evidenciando um padrão de repressão à diversidade acadêmica.
Professores enfrentam dificuldades para adaptar o currículo às novas diretrizes. Um professor anônimo expressou preocupação com a impossibilidade de manter padrões acadêmicos globais, já que a remoção de obras de autores iranianos cria um vazio significativo na educação superior. A situação levanta questões sobre o futuro da liberdade de expressão e da educação no Afeganistão sob o regime talibã.