- O Brasil registrou um aumento de 2,1% no trabalho infantil em 2024, totalizando 1,65 milhão de crianças e adolescentes nessa situação, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
- A proporção de jovens em trabalho infantil subiu para 4,3%, apesar da redução de 5,1% no número de crianças em piores condições de trabalho, que agora é de 560 mil.
- A renda média de crianças e adolescentes em trabalho infantil foi de R$ 845, inferior à média de R$ 1.083 para aqueles em atividades não consideradas trabalho infantil.
- As disparidades de renda são evidentes: homens ganharam R$ 924, enquanto mulheres receberam R$ 693.
- Apenas 88,8% das crianças em trabalho infantil estão na escola, em comparação a 97,5% da população geral dessa faixa etária.
Depois de um ano de redução significativa da pobreza, o Brasil enfrentou um aumento de 2,1% no trabalho infantil em 2024, totalizando 1,65 milhão de crianças e adolescentes de 5 a 17 anos nessa situação, conforme dados do IBGE. O levantamento, parte da pesquisa Pnad Contínua, revela que a proporção de jovens em trabalho infantil subiu para 4,3%, um leve aumento em relação ao ano anterior.
Embora o trabalho infantil tenha crescido, o número de crianças em piores condições de trabalho caiu 5,1%, alcançando 560 mil. A taxa de informalidade entre adolescentes de 16 e 17 anos também atingiu o menor nível desde 2016. O aumento no trabalho infantil ocorre em um contexto onde 8,7 milhões de pessoas saíram da pobreza em 2023, impulsionadas por programas de distribuição de renda, como o Bolsa Família.
Disparidades de Renda
Em 2024, a renda média de crianças e adolescentes em trabalho infantil foi de R$ 845, inferior à média de R$ 1.083 para aqueles que atuam em atividades econômicas não consideradas trabalho infantil. As disparidades de renda são evidentes, com os homens ganhando R$ 924 e as mulheres apenas R$ 693. Entre os mais jovens, a renda das meninas caiu drasticamente, enquanto os meninos tiveram uma leve alta.
O impacto do trabalho infantil na frequência escolar é notável. Apenas 88,8% das crianças em situação de trabalho infantil estão na escola, em comparação a 97,5% da população geral dessa faixa etária. Para as famílias que recebem o Bolsa Família, a frequência escolar entre os jovens em trabalho infantil é um pouco melhor, alcançando 91,2%.
Análise e Expectativas
Gustavo Geaquinto Fontes, analista do IBGE, destaca que, apesar do aumento em 2024, a tendência de queda no trabalho infantil desde 2016 ainda se mantém. Ele ressalta que é cedo para afirmar se essa alta representa uma reversão de tendência. O aumento foi mais acentuado entre os homens e na faixa etária de 16 e 17 anos, enquanto as meninas e as crianças mais novas apresentaram estabilidade.
Os dados de 2024 indicam que 13,8 milhões de crianças e adolescentes vivem em lares que recebem o Bolsa Família, e 43,5% do total de jovens em trabalho infantil pertencem a essas famílias. O cenário atual exige monitoramento contínuo para entender as dinâmicas do trabalho infantil no Brasil e seus impactos sociais.