- O Pronera, criado em 2009, continua abrindo turmas em universidades públicas, favorecendo militantes do MST e de outros movimentos, com 10 editais identificados em instituições como UFPE, UFPA, UFMA, UFES, Unifesp, UFT, Univasf, Unilab, Ufopa e UFScar, recorrendo a critérios subjetivos.
- Um caso marcante foi o edital da UFPE para Medicina com critérios de seleção simplificados, que foi derrubado no início de outubro após ampla repercussão e ações judiciais.
- Os editais costumam exigir cartas de intenção, memorial descritivo e vídeos, além de analisar vínculos com movimentos, reduzindo a concorrência aberta e privilegiando candidatos ligados a assentamentos.
- Em algumas universidades, como UFMA, a seleção valoriza apenas o histórico escolar sem exigir redação, enquanto a UFES aponta o fortalecimento de movimentos sociais como objetivo do curso.
- Críticas apontam a exclusão de agricultores familiares independentes e de candidatos sem militância; o Univasf também exige vídeos com a trajetória em movimentos, enquanto o Incra afirmou não se manifestar sobre favorecimento, destacando que o Pronera já formou mais de 192 mil estudantes.
O Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera), criado em 2009, continua a abrir portas para turmas em universidades públicas, favorecendo militantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e outros movimentos sociais. Recentemente, dez editais foram identificados, incluindo instituições como UFPE, UFPA e Unifesp, que utilizam critérios de seleção controversos, como a análise de histórico escolar e cartas de intenção.
Um dos casos mais notórios foi o edital da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), que previa um curso de Medicina com critérios de seleção simplificados. Após forte repercussão e ações judiciais, o edital foi derrubado no início de outubro. O Pronera permite que universidades adotem processos seletivos que excluem a concorrência aberta, favorecendo candidatos com vínculos comprovados com movimentos sociais.
Critérios de Seleção Controversos
Os editais em questão apresentam uma série de critérios subjetivos, como a necessidade de apresentar cartas de intenção e memorial descritivo, que detalham a trajetória do candidato em movimentos sociais. Além disso, muitos exigem declarações de lideranças de assentamentos, o que pode restringir o acesso a candidatos não alinhados ideologicamente.
A análise revela que a maioria dos editais não exige vestibular e, em alguns casos, a seleção é feita apenas com base em provas de redação que abordam temas relacionados à luta agrária. Por exemplo, o edital da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) prioriza a análise do histórico escolar, sem avaliação de redação, enquanto a Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) menciona explicitamente o fortalecimento de movimentos sociais como um objetivo do curso.
Exclusão de Candidatos Não Alinhados
A exclusão de agricultores familiares independentes e de candidatos sem histórico de militância é uma crítica recorrente. Editais como o da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) exigem não apenas cartas de intenção, mas também vídeos que documentem a trajetória do candidato em movimentos sociais. Essa prática tem gerado preocupações sobre o uso político do Pronera e a falta de controle externo nos processos seletivos.
O Incra, responsável pela gestão do Pronera, não se manifestou sobre as acusações de favorecimento, mas destacou que desde sua criação, o programa já formou mais de 192 mil estudantes em todo o Brasil. A polêmica em torno dos editais recentes levanta questões sobre a transparência e a equidade nos processos de seleção nas universidades públicas.