- A Nova Zelândia discute reformas no currículo de história, com proposta do governo de remover ou revisar conteúdos relacionados à cultura māori e ao Tratado de Waitangi.
- A iniciativa ocorre após pressão de estudantes desde 2015 e obrigatoriedade do ensino de temas māori, em 2023, e prevê uma consulta pública de seis meses.
- Críticos, incluindo diretores de escola e sindicatos, afirmam que a reformulação seria eurocêntrica e diluiria conteúdos māori, além de reutilizar métodos educacionais antigos.
- A ministra da Educação, Erica Stanford, disse que o currículo anterior era amplo demais e que a mudança busca melhoria nos resultados escolares, citando queda em avaliações da OCDE.
- Ativistas como Leah Bell e o professor Nepia Mahuika destacam preocupações sobre falta de reflexão crítica e o risco de não refletir identidades dos estudantes no currículo.
A Nova Zelândia está enfrentando um intenso debate sobre o currículo de história nas escolas, após o governo propor uma reformulação que inclui a remoção e revisão de conteúdos relacionados à cultura māori e ao Tratado de Waitangi. A proposta surge em um contexto onde, desde 2015, estudantes pressionavam por um ensino mais inclusivo e preciso sobre a história do país, culminando em 2023 com a obrigatoriedade do ensino de temas māori.
Críticos da reforma, incluindo educadores e sindicatos, afirmam que as mudanças representam uma visão eurocêntrica, que dilui o conhecimento māori e reintroduz métodos educacionais ultrapassados. A consulta pública para a avaliação do novo currículo terá duração de seis meses e já gerou reações de descontentamento entre professores e acadêmicos. Leah Bell, uma das ativistas que iniciou a petição em 2015, expressou preocupação com a tentativa de “reformular a história” e a necessidade de abordar questões históricas de forma crítica.
Críticas e Defensores da Mudança
A ministra da Educação, Erica Stanford, defendeu a proposta afirmando que a abordagem anterior era muito abrangente e carecia de foco. Segundo ela, o novo currículo visa melhorar os resultados escolares, que caíram nas classificações da OCDE nos últimos 20 anos. No entanto, críticos como Nepia Mahuika, professor associado de história, destacam que a nova versão do currículo é “eurocêntrica” e não critica o nacionalismo como esperado.
Além disso, a proposta ocorre em meio a um movimento crescente de escolas que pedem a reintegração do ensino da língua māori nas salas de aula. Educadores expressam preocupação com a possibilidade de que os alunos não vejam suas identidades refletidas no currículo, o que, segundo eles, é fundamental para um aprendizado significativo.
O Futuro do Ensino de História
A reformulação do currículo de história da Nova Zelândia está gerando um debate profundo sobre a identidade cultural e a educação no país. Enquanto o governo busca um currículo mais “disciplinado” e “equilibrado”, muitos acreditam que isso pode resultar em um retrocesso no reconhecimento da história māori. A situação continua a evoluir, com a consulta pública sendo um espaço crucial para vozes diversas serem ouvidas no processo de decisão.