- Descobertas arqueológicas em Alsácia, França, revelam práticas de tortura e exibição de inimigos derrotados durante o Neolítico, há mais de seis mil anos.
- Evidências de rituais de vitória incluem mutilação de prisioneiros, como remoção de braços e destruição de crânios, que eram expostos como troféus.
- Os achados foram feitos em Achenheim e Bergheim e publicados na revista Science Advances, liderados pelo arqueólogo Javier Ordoño.
- Entre quatro mil e quatrocentos e quatro mil e cento e cinquenta a.C., a região passou por conflitos entre grupos de Paris e os habitantes locais.
- A pesquisa sugere que a violência pública era central para a coesão social, desumanizando o inimigo e fortalecendo a identidade do grupo vencedor.
Recentes descobertas arqueológicas em Alsácia, no nordeste da França, revelaram práticas de tortura e exibição de inimigos derrotados durante o Neolítico, há mais de 6.000 anos. Os arqueólogos identificaram evidências de um ritual de vitória que envolvia a mutilação de prisioneiros, como a remoção de braços e a destruição de crânios, que eram então expostos como troféus de guerra.
Os achados foram feitos em dois sítios, Achenheim e Bergheim, e foram publicados na revista *Science Advances*. Os pesquisadores, liderados pelo arqueólogo Javier Ordoño, concluíram que esses rituais não apenas eliminavam o inimigo, mas também reforçavam a identidade do grupo vencedor e celebravam a vitória. A análise de 82 indivíduos enterrados em fossas comuns revelou que muitos eram de grupos externos que haviam sido derrotados pelos habitantes locais.
Contexto Histórico
Entre 4300 e 4150 a.C., a região de Alsácia passou por um processo de substituição populacional, onde grupos vindos da área que hoje é Paris entraram em conflito com os residentes locais. Ordoño destacou que o vale do Reno sempre foi um corredor de migração e conflito, refletindo tensões que persistem até os dias atuais.
Os estudos isotópicos realizados nos restos mortais indicaram diferenças significativas entre as vítimas e os locais. Os corpos mutilados apresentavam níveis mais altos de nitrogênio, sugerindo dietas e condições de vida distintas. Além disso, a análise de dentes revelou que os forasteiros tinham infâncias mais nômades, reforçando a ideia de que eram de fora.
Ritual de Vitória
Os arqueólogos interpretam que a violência pública era central para a coesão social das comunidades neolíticas. Os rituais de vitória desumanizavam o inimigo e fortaleciam o espírito comunitário. Os prisioneiros capturados eram torturados e exibidos, enviando uma mensagem clara sobre a capacidade de defesa do grupo.
A pesquisa ainda levanta questões sobre o simbolismo dos rituais, como a razão para a amputação dos braços esquerdos, que poderiam estar relacionados à função defensiva. Os achados em Alsácia são considerados uma das evidências mais antigas de celebrações de vitória na Europa, destacando a brutalidade e a complexidade das interações sociais durante o Neolítico.