- Jane Catulle Mendès, escritora parisiense, é creditada pela expressão “cidade maravilhosa”, associada ao Rio de Janeiro.
- O livro “A poeta da cidade maravilhosa”, de Rafael Sento Sé, busca reabilitar sua imagem, destacando sua visita ao Rio em 1911 e sua obra “La ville merveilleuse”, ainda não traduzida para o português.
- A expressão foi publicada pela primeira vez em 21 de setembro de 1911, no jornal A Imprensa, durante uma entrevista com Jane.
- Durante sua estadia, Jane fez conferências e escreveu 33 poemas inspirados na cidade, publicados em 1913.
- Apesar de seu reconhecimento em 1917, sua primazia foi contestada, e o autor do novo livro defende que ela foi a primeira a usar a expressão de forma significativa.
Jane Catulle Mendès, escritora parisiense, é creditada pela expressão “cidade maravilhosa”, que se tornou sinônimo do Rio de Janeiro. No entanto, sua contribuição foi historicamente questionada. O livro “A poeta da cidade maravilhosa”, de Rafael Sento Sé, busca reabilitar a imagem de Jane, destacando sua visita ao Rio em 1911 e sua obra “La ville merveilleuse”, que ainda não foi traduzida para o português.
Em 21 de setembro de 1911, a expressão foi publicada pela primeira vez na primeira página do jornal carioca A Imprensa, onde a entrevistada afirmava que o Rio era “une ville merveilleuse”. A visita de Jane ao Brasil, iniciada um dia antes, foi marcada por uma recepção calorosa da Associação Brasileira de Imprensa e um encontro com jornalistas no Hotel dos Estrangeiros. Na época, o Rio vivia um contraste entre uma elite que falava francês e um grande número de analfabetos.
A Influência de Jane Catulle Mendès
A escritora, viúva de Catulle Abraham Mendès, era uma figura proeminente do parnasianismo e já havia publicado três livros. Durante sua estadia, Jane fez três conferências em francês, abordando temas como o heroísmo feminino e as mulheres de letras francesas. Apesar de seu talento, ela enfrentou críticas misóginas que focavam mais em sua aparência do que em suas ideias.
Jane planejava ficar três semanas no Rio, mas acabou estendendo sua visita para três meses. Durante esse período, ela se envolveu com a cultura local, tomando chá com o cronista João do Rio e visitando pontos turísticos como o Jardim Botânico. Sua experiência carioca foi traduzida em 33 poemas no livro “La ville merveilleuse”, publicado em 1913.
O Legado e a Reabilitação
Embora Jane tenha sido reconhecida como autora da expressão “cidade maravilhosa” em 1917, sua primazia foi contestada, com alguns atribuindo a Coelho Neto o uso anterior do termo. Rafael Sento Sé defende que Jane foi a primeira a usá-lo de forma significativa, ao estampá-lo na capa de seu livro.
O autor do novo livro sobre Jane visitou a Praça Catulle Mendès no Rio, que não possui placas ou homenagens à escritora. A falta de reconhecimento é um reflexo do esquecimento que a autora enfrentou ao longo dos anos. Ruy Castro, jornalista e conhecedor da cidade, afirma que, apesar de não conhecer a fundo sua obra, Jane garantiu sua imortalidade com a expressão que eternizou o Rio de Janeiro.