- Espanha adotou tom mais conciliatório, com o ministro das Relações Exteriores, José Manuel Albares, reconhecendo a dor e a injustiça contra povos indígenas durante a conquista, durante a inauguração de uma exposição em Madrid sobre mulheres indígenas do México.
- Em 2019, o presidente mexicano, López Obrador, pediu desculpas ao rei Felipe VI e ao Papa Francisco; a Espanha rejeitou, argumentando que ações históricas não podiam ser avaliadas pela ótica atual.
- O México reforçou pedidos de desculpas e saudou o discurso de Albares como passo inicial para reconciliação, em meio à leitura destacada na exposição.
- O evento ocorre no contexto do Ano da Mulher Indígena, evidenciando a importância de reconhecer a história e as contribuições de comunidades indígenas, com referência à conquista iniciada em 1519 por Hernán Cortés.
- A mudança de tom espanhol pode abrir espaço para diálogo entre os dois países e buscar reparos sobre feridas do passado colonial.
A relação entre Espanha e México, marcada por conflitos diplomáticos nos últimos seis anos, teve um novo capítulo nesta sexta-feira, quando a Espanha reconheceu a dor e a injustiça enfrentadas pelos povos indígenas durante a conquista. O ministro das Relações Exteriores espanhol, José Manuel Albares, fez a declaração durante a inauguração de uma exposição em Madrid, dedicada às mulheres indígenas do México.
Em 2019, o então presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, havia solicitado desculpas ao rei Felipe VI e ao Papa Francisco pelos abusos cometidos durante a colonização. A resposta da Espanha foi negativa, alegando que as ações históricas não podiam ser avaliadas sob a ótica contemporânea. Contudo, o discurso de Albares sinalizou uma mudança significativa na postura espanhola, que agora reconhece a necessidade de abordar as injustiças do passado.
Reação do México
A presidente do México, Claudia Sheinbaum, acolheu as palavras de Albares como um avanço importante. Ela reiterou o pedido de desculpas e destacou que o reconhecimento dos erros históricos é um passo essencial para a reconciliação. “Apologias ennobrecem governos e povos”, afirmou, enfatizando que esse reconhecimento não é uma humilhação, mas uma ação digna.
O evento ocorre em um contexto mais amplo de celebração das culturas indígenas, especialmente no “Ano da Mulher Indígena”, destacando a importância de reconhecer e valorizar a história e as contribuições dessas comunidades. A conquista do México, iniciada em 1519 por Hernán Cortés, resultou em profundas transformações sociais e culturais, cujas repercussões ainda são sentidas hoje.
A mudança de tom por parte da Espanha pode abrir novas possibilidades para o diálogo entre os dois países, que buscam entender e curar as feridas do passado colonial.