- Milhares de ucranianos em julho exigiram independência das agências anticorrupção; Zelenski derrubou projeto de lei que submeteria a NABU (Oficina Nacional Anticorrupção) e SAPO (Fiscalia Anticorrupção) ao governo, em meio a investigações sobre a Energoatom.
- Operações de busca ocorreram na Energoatom e na casa do empresário Timur Mindich; Mindich teria deixado o país horas antes da ação; ele é ligado à Kvartal 95; NABU e SAPO apontam possível desvio de milhões de dólares.
- Gravações divulgadas pela NABU sugerem propinas de até 15% para contratos públicos; há indícios de superfaturamento em compras de materiais técnicos, orçados até três vezes acima do preço real; o ministro da Justiça, German Galushchenko, também é alvo de apuração.
- O deputado Yaroslav Zehelzniak afirmou que Mindich atua como intermediário entre o Ministério de Energia e empresas contratadas; a Firepoint, empresa de Mindich, que passou a fabricar armamentos após a invasão russa, é investigada por custos elevados sem justificativa.
- Crise energética provoca cortes superiores a 12 horas diárias em grandes cidades; União Europeia teme impacto na adesão da Ucrânia; comissária Marta Kos diz que a situação pode abalar a confiança; relatos de dificuldades diárias de cidadã Olga Fedechishena.
Milhares de ucranianos se manifestaram em julho, exigindo a independência das agências anticorrupção do país. O presidente Volodímir Zelenski foi forçado a retirar um projeto de lei que pretendia submeter a Oficina Nacional Anticorrupção (NABU) e a Fiscalia Anticorrupção (SAPO) ao controle do governo. Esse cenário de tensão se intensificou com a recente investigação de um possível esquema de corrupção na Energoatom, a empresa estatal de energia atômica.
Operações de busca foram realizadas nas instalações da Energoatom e na residência do empresário Timur Mindich, amigo próximo de Zelenski. Mindich teria deixado o país horas antes da ação policial. Ele é associado à produtora Kvartal 95, que ajudou a alavancar a carreira de Zelenski como ator e produtor. A NABU e a SAPO coletaram evidências que indicam um possível desvio de milhões de dólares.
Escândalo de Corrupção
Gravações reveladas pela NABU sugerem que altos funcionários de governo e da Energoatom exigiam propinas de até 15% para a adjudicação de contratos públicos. Além disso, há indícios de superfaturamento em compras de materiais técnicos, que estavam sendo orçados até três vezes acima do preço real. O ministro da Justiça, German Galushchenko, também está sob investigação, tendo sido anteriormente titular da pasta de Energia.
Yaroslav Zehelzniak, deputado do partido opositor Golos, afirmou que Mindich está sendo investigado por atuar como intermediário entre o Ministério de Energia e empresas contratadas. A empresa de Mindich, Firepoint, que passou a fabricar armamentos após a invasão russa, está sob suspeita de aumentar injustificadamente os custos de produção.
Impacto na População
A crise energética em curso, agravada pelos ataques russos, gerou cortes de luz que ultrapassam 12 horas diárias nas grandes cidades. Zelenski tem reafirmado que não tolerará negligências na proteção das infraestruturas energéticas. A situação desencadeou um descontentamento crescente entre a população, que vê a corrupção como um obstáculo à recuperação do país e à sua adesão à União Europeia.
As instituições anticorrupção enfrentam pressão política, o que preocupa a comunidade internacional. A comissária da UE, Marta Kos, expressou receio de que a situação possa prejudicar a confiança e desacelerar o processo de adesão da Ucrânia ao bloco europeu. Enquanto isso, cidadãos como Olga Fedechishena, funcionária aposentada, relatam dificuldades diárias, com cortes prolongados de energia que tornam ainda mais dolorosas as notícias de corrupção no governo.