- Israel viola o direito internacional ao restringir a entrada de ajuda humanitária em Gaza, afirma Natalie Boucly, vice-comissária geral da UNRWA.
- Apenas cerca de 50% dos 500 a 600 caminhões diários necessários conseguem entrar em Gaza, com suprimentos estocados fora do território em Jordânia e no Egito.
- Durante visita a Bruxelas, Boucly pediu maior pressão internacional sobre o governo israelense e financiamento de US$ 200 milhões até março de 2026.
- A UNRWA afirma ter registrados 5,9 milhões de pessoas em sua base de dados e alerta para o risco de falência sem recursos adicionais.
- A Corte Internacional de Justiça manteve que Israel deve cooperar com a UNRWA e garantir a entrega de suprimentos; a agência sustenta que, sem solução política, violência tende a aumentar e continuará fornecendo educação e apoio a cerca de 40 mil crianças, apesar das restrições.
Israel está violando o direito internacional ao limitar a entrada de ajuda humanitária em Gaza, segundo Natalie Boucly, oficial da UNRWA. A população local enfrenta uma grave escassez de alimentos e bens essenciais, especialmente com a chegada do inverno. Boucly, que é vice-comissária geral da agência, destacou que apenas cerca de 50% dos 500 a 600 caminhões diários necessários estão conseguindo entrar no território.
Durante uma visita a Bruxelas, Boucly pediu um aumento da pressão internacional sobre o governo israelense para garantir a entrada irrestrita de ajuda. A UNRWA possui suprimentos suficientes, incluindo comida e tendas, para atender a população por até três meses, mas esses itens estão estocados fora de Gaza, em locais como Jordânia e Egito.
Situação Crítica em Gaza
A UNRWA, criada em 1948 para ajudar refugiados palestinos, registrou 5,9 milhões de pessoas em sua base de dados. Boucly ressaltou que a agência é vital para a saúde e bem-estar da população, e que a sua falência não é uma opção, pois “ninguém pode preencher essa lacuna”. A oficial também mencionou um déficit de 200 milhões de dólares em financiamento até março de 2026, o que compromete suas operações.
As tensões aumentaram após Israel cortar relações diplomáticas com a UNRWA, acusando a agência de infiltração por parte do Hamas. Contudo, a Corte Internacional de Justiça (CIJ) reafirmou que Israel deve cooperar com a UNRWA e garantir a entrega de suprimentos essenciais.
Necessidade de Soluções Políticas
Boucly alertou que a falta de uma solução política para o conflito pode levar a um aumento da violência. Ela enfatizou que sem um acordo, nem israelenses nem palestinos conseguirão viver em paz. A oficial pediu que os governos europeus exerçam uma pressão moral sobre Israel para iniciar um processo de reconciliação.
Enquanto isso, a UNRWA continua a fornecer educação e apoio psicológico a cerca de 40 mil crianças em Gaza, mas enfrenta restrições severas, como a proibição de importar materiais escolares. A situação é alarmante, com milhares de crianças perdendo seus pais e enfrentando traumas profundos. Boucly concluiu que sem um futuro para essas crianças, o ciclo de violência pode se perpetuar.