- O livro A Misoginia na Ditadura, lançado em agosto de 2023, apresenta relatos de ex-presas políticas sobre a violência sexual e tortura enfrentadas por mulheres durante o regime militar no Brasil.
- A obra é resultado da pesquisa de doutorado da advogada Renata Santa Cruz e revela que a misoginia foi uma tática sistemática de repressão.
- Depoimentos de vítimas, como Cecília Bouças Coimbra, detalham experiências de tortura física e psicológica, incluindo abusos sexuais.
- O livro também propõe a revisão da Lei da Anistia de 1979, defendendo a responsabilização dos agentes do Estado envolvidos nas atrocidades.
- A autora busca garantir que os erros do passado não se repitam, especialmente em um momento de desafios à democracia brasileira.
Revelações sobre a Violência de Gênero na Ditadura Militar
O livro A Misoginia na Ditadura, lançado em agosto de 2023, expõe relatos impactantes de ex-presas políticas, revelando a brutalidade da repressão sofrida por mulheres durante o regime militar no Brasil. A obra, resultado da pesquisa de doutorado da advogada Renata Santa Cruz, destaca a violência sexual e a tortura específica enfrentada por essas mulheres.
Cecília Bouças Coimbra, uma das vítimas, narra sua experiência de tortura no DOI-Codi do Rio de Janeiro em 1970. “Falar daqueles três meses e meio é falar de uma viagem ao inferno”, descreve, relatando abusos físicos e psicológicos, além de torturas sexuais. O livro reúne depoimentos de diversas mulheres que sofreram abusos, confirmando que a misoginia foi uma tática sistemática de repressão.
Torturas e Abusos
As histórias contadas no livro revelam que as mulheres eram frequentemente torturadas por homens, enfrentando situações de humilhação e violência sexual. Renata Santa Cruz destaca que as torturas eram acompanhadas de xingamentos e tentativas de desestabilizar a maternidade das vítimas. Crimeia Schmidt, por exemplo, foi torturada enquanto grávida, e Rosalina Santa Cruz viu seu filho ser ameaçado por militares durante sua prisão.
Os métodos de tortura utilizados contra mulheres incluíam a cadeira do ginecologista, onde eram submetidas a choques elétricos em regiões íntimas. “Isto é para você nunca mais botar comunista no mundo”, relata uma das vítimas sobre a tortura que sofreu. Essas práticas revelam um padrão de violência que ia além da brutalidade já conhecida contra os homens.
Revisão da Lei da Anistia
Além de expor os horrores vividos, A Misoginia na Ditadura propõe a revisão da Lei da Anistia de 1979, atualmente em análise pelo Supremo Tribunal Federal. A autora defende a responsabilização dos agentes do Estado envolvidos nas atrocidades e a implementação de políticas de memória e reparação. A obra busca garantir que os erros do passado não se repitam, especialmente em um contexto em que a democracia brasileira enfrenta novos desafios.