Em Alta NotíciasConflitoseconomiaFutebolrelações internacionais

Converse com o Telinha

Telinha
Oi! Posso responder perguntas apenas com base nesta matéria. O que você quer saber?
Entrar

Protestos mortais em Angola refletem a fome e a insatisfação popular

Protestos em Angola revelam descontentamento da juventude com a corrupção e a falta de oportunidades, com taxa de desemprego de 54% entre jovens.

Telinha
Por Revisado por Time de Jornalismo Portal Tela
Muitos angolanos trabalham no setor informal, como vendedores de rua (Foto: Reprodução)
0:00 0:00
  • Em julho de 2023, Angola registrou uma série de protestos que resultaram em 30 mortes e milhares de prisões.
  • As manifestações, iniciadas em Luanda, foram motivadas pelo aumento do preço do combustível e pela insatisfação com a corrupção e a brutalidade policial.
  • A juventude angolana, com uma taxa de desemprego de 54% entre jovens de 15 a 24 anos, liderou os protestos, que expuseram a desigualdade e a pobreza no país.
  • O presidente de Angola, João Lourenço, enfrenta críticas por não cumprir promessas de reforma e combate à corrupção, em meio a uma inflação anual de cerca de 18%.
  • A conscientização política entre os jovens está crescendo, e novos protestos são esperados até as eleições de 2027, enquanto a dependência do petróleo e a má gestão dos recursos continuam a ser desafios.

Angola enfrenta crescente insatisfação social após protestos violentos

Em julho de 2023, Angola vivenciou uma onda de protestos que resultou em 30 mortes e milhares de prisões, refletindo a insatisfação da juventude com a corrupção e a brutalidade policial. As manifestações, que começaram em Luanda, foram desencadeadas por um aumento no preço do combustível e rapidamente se espalharam por outras províncias.

Os protestos, considerados os mais significativos desde o fim da guerra civil em 2002, expuseram a profunda desigualdade e a pobreza que persistem no país, mesmo após 50 anos de independência. Em áreas onde as manifestações foram mais intensas, muitos cidadãos temem represálias e evitam discutir abertamente os eventos. Um vendedor de rua de 24 anos, que preferiu não se identificar, afirmou que a situação exigia um clamor para que os governantes ouvissem a população.

A juventude angolana, com uma taxa de desemprego de 54% entre os jovens de 15 a 24 anos, tem sido a principal força motriz por trás dos protestos. De acordo com dados oficiais, apenas três milhões dos 18 milhões de jovens em idade de trabalho têm empregos formais. A falta de oportunidades e a precariedade das condições de vida têm gerado um clima de descontentamento crescente.

Crise de legitimidade

O sociólogo Gilson Lázaro destacou que os protestos foram impulsionados pelos “despossuídos”, jovens que não têm nada a perder. Ele observou que as manifestações surgiram espontaneamente em bairros populosos e carentes, revelando problemas sociais que a elite política prefere ignorar. A insatisfação com a gestão do governo do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), que está no poder há cinco décadas, tem se intensificado.

O presidente João Lourenço, que assumiu o cargo em 2017, prometeu reformas para combater a corrupção e diversificar a economia. No entanto, críticos afirmam que ele não conseguiu cumprir essas promessas e enfrenta uma crise de custo de vida, com a inflação anual em torno de 18%. Uma pesquisa do Afrobarômetro de 2024 revelou que 63% dos angolanos acreditam que a situação econômica piorou em relação ao ano anterior.

Desigualdade e futuro incerto

Enquanto o governo planeja celebrações para marcar a independência, a realidade de muitos jovens é marcada pela pobreza extrema e falta de acesso a serviços básicos. A estudante de ciência política Lea Komba ressaltou que os protestos são uma forma de expressar a insatisfação com as condições precárias. Ela acredita que a conscientização política está crescendo e que novos protestos são prováveis até as eleições de 2027.

A dependência do petróleo e a má gestão dos recursos naturais continuam a ser desafios significativos para Angola. O economista Francisco Paulo afirmou que, se o país seguisse modelos de gestão de riqueza como os da Noruega, poderia transformar sua economia. Contudo, a realidade atual é de desperdício e desigualdade, com mais de um terço da população vivendo com menos de US$ 2,15 por dia.

Comentários 0

Entre na conversa da comunidade
Os comentários não representam a opinião do Portal Tela; a responsabilidade é do autor da mensagem. Conecte-se para comentar

Veja Mais