- O governo Lula enfrenta um novo desafio com a aprovação da urgência da anistia na Câmara dos Deputados, considerada uma retaliação ao Palácio do Planalto.
- A articulação foi liderada pelo presidente da Câmara, Hugo Motta, e pelo Centrão, após Lula orientar o Partido dos Trabalhadores (PT) a votar contra a “PEC da Blindagem”.
- Durante uma reunião no Palácio da Alvorada, Motta informou a Lula sobre sua intenção de pautar a PEC e derrubar a urgência da anistia, mas o apoio foi negado.
- A relação entre Lula e Motta se deteriorou, com auxiliares do presidente afirmando que a confiança foi comprometida.
- Lula indicou que não se opõe a discutir a redução de penas para golpistas, mas considera o momento inadequado para levar o tema ao plenário.
O governo Lula enfrenta um novo desafio com a aprovação da urgência da anistia na Câmara dos Deputados, considerada uma retaliação ao Palácio do Planalto. A articulação foi liderada pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e pelo Centrão, após Lula orientar o PT a votar contra a “PEC da Blindagem”.
Na segunda-feira, 15, Motta se reuniu com Lula no Palácio da Alvorada, onde informou sobre sua intenção de pautar a PEC e, em seguida, derrubar a urgência da anistia. O deputado afirmou ter um acordo com o Supremo Tribunal Federal (STF) e solicitou apoio do governo, que foi negado por Lula, que considerou a proposta anacrônica.
A situação se agravou quando Motta e o Centrão passaram a pressionar a bancada petista por apoio. Inicialmente, a executiva do PT, sob a liderança de Edinho Silva, estava inclinada a votar a favor, mas a orientação de Lula para votar contra mudou o cenário, gerando descontentamento entre Motta e o Centrão, que se uniram à oposição.
Relações Abaladas
A aprovação da urgência da anistia deteriorou a relação entre Lula e Motta. Auxiliares do presidente afirmam que a confiança entre eles foi comprometida. O diagnóstico no Planalto é que a fragilidade de Motta pode colocar em risco a aprovação da anistia ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
Durante um almoço com a bancada do PDT, Lula indicou que não se opõe a discutir a redução de penas para os golpistas, mas considera o momento inadequado para levar o tema ao plenário. Ele acredita que a questão deve ser tratada após o trânsito em julgado de todos os réus.
Uma ala do governo critica o acordo feito entre ministros do STF e a cúpula da Câmara, que previa a derrubada da urgência da anistia e a aprovação da redução de penas, sob relatoria de Arthur Maia (União Brasil-BA). Após a aprovação da urgência, Motta escolheu Paulinho da Força (Solidariedade-SP) como relator, um movimento interpretado no Planalto como uma tentativa de agradar ao ministro Alexandre de Moraes após o rompimento do acordo.
Um auxiliar de Lula comentou que o governo foi “atropelado” pelo acordo entre o STF e a Câmara, colocando a responsabilidade sobre a situação nas mãos do Supremo.