- O filme “Belén”, dirigido por Dolores Fonzi, estreia nos cinemas argentinos e retrata a batalha judicial de uma mulher que passou dois anos na prisão após um aborto espontâneo.
- O caso de Belén se tornou um símbolo da luta pela legalização do aborto na Argentina, especialmente em um contexto político adverso.
- A obra competirá pela Concha de Ouro no Festival de San Sebastián e é descrita como um thriller judicial.
- O filme reflete a evolução do debate sobre o aborto, que foi legalizado em 30 de dezembro de 2020, e destaca o medo que muitas mulheres sentem ao discutir suas experiências.
- A estreia ocorre em um momento crítico, com o novo governo de Javier Milei se posicionando contra as políticas de gênero e a legalização do aborto.
O Caso de Belén e a Luta pelo Aborto na Argentina
A estreia do filme “Belén”, dirigido por Dolores Fonzi, recria a batalha judicial de uma mulher argentina que passou dois anos na prisão após sofrer um aborto espontâneo. O caso, que se tornou um símbolo da luta pela legalização do aborto na Argentina, destaca a atual situação do feminismo em um contexto político adverso.
O filme, que chega aos cinemas argentinos nesta quinta-feira, competirá pela Concha de Ouro no Festival de San Sebastián. Fonzi, que também interpreta a advogada Soledad Deza, enfatiza que a obra traz um “sopro de ar fresco” em meio a um cenário onde o feminismo é constantemente atacado. “O que conseguimos pode ser alcançado novamente”, afirma a diretora.
O caso de Belén, pseudônimo escolhido para proteger a identidade da mulher, ocorreu em 2016, quando o aborto era um tabu na Argentina, especialmente em regiões mais conservadoras. A jovem foi condenada a oito anos de prisão, mas sua defesa conseguiu reverter a sentença em 2017, revelando as irregularidades do processo. O impacto do caso foi significativo, especialmente em Tucumán, onde muitas mulheres relataram o medo de serem punidas por situações semelhantes.
A Relevância do Filme
“Belén” é descrito como um thriller judicial que retrata a luta de uma mulher comum em circunstâncias extraordinárias. A narrativa se assemelha a outros marcos do cinema argentino, como “Argentina, 1985”, que abordou o histórico julgamento dos crimes da ditadura. A batalha judicial de Belén e sua advogada ocorre em um ambiente hostil, com ameaças crescentes contra eles e suas famílias.
O filme também reflete a evolução do debate sobre o aborto na Argentina, que culminou na legalização da interrupção voluntária da gravidez em 30 de dezembro de 2020. Fonzi destaca que o anonimato de Belén foi uma escolha consciente, refletindo o medo que muitas mulheres sentem ao discutir suas experiências. “Belén representa o risco de ir presa”, diz a cineasta, ressaltando o impacto do caso na vida das mulheres da região.
O Futuro do Feminismo
A estreia do filme ocorre em um momento crítico, com o novo governo de Javier Milei, que tem se posicionado contra as políticas de gênero e a legalização do aborto. Fonzi observa que o feminismo está sendo “vapuleado” e que a resposta do governo gera um clima de medo. No entanto, a diretora acredita que o filme pode inspirar novas mobilizações e reafirmar a luta pelos direitos das mulheres.
“Belén” foi produzida por K&S Films e Amazon e é uma das quatro candidatas a representar a Argentina no Oscar. Fonzi, que recentemente filmou uma série no Chile, planeja dedicar um tempo para refletir sobre seu trabalho após a estreia. A marea feminista continua a se mobilizar, buscando reviver a luta por direitos em um cenário desafiador.