- Recentes manifestações da esquerda brasileira ocorreram em 23 capitais, marcando um retorno ao combate à corrupção e à impunidade.
- Os atos foram uma resposta à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Blindagem e à proposta de anistia para golpistas.
- Esta é a primeira mobilização da esquerda contra a corrupção desde o mensalão, há 20 anos.
- O governo de Luiz Inácio Lula da Silva enfrenta dificuldades no Congresso e não abordou temas como o orçamento secreto.
- A união do Centrão e do bolsonarismo em torno da PEC da Blindagem pode permitir a Lula retomar a narrativa de combate à corrupção.
Recentes manifestações da esquerda brasileira, ocorridas em 23 capitais, marcam um retorno simbólico ao combate à corrupção e à impunidade. Os atos, realizados no último domingo, foram uma resposta à PEC da Blindagem e à proposta de anistia para golpistas, temas que reacenderam o discurso moralista que havia se distanciado do PT nos últimos anos.
Essas manifestações são as primeiras desde o mensalão, há 20 anos, em que a esquerda se mobiliza principalmente contra a corrupção. Historicamente, a luta contra a impunidade e os privilégios políticos foram bandeiras fundadoras do PT, mas o partido se afastou desse discurso após os escândalos de 2005 e, especialmente, com a Lava Jato a partir de 2014. O crescimento do bolsonarismo, que monopolizou a retórica antipetista, também contribuiu para essa mudança.
O atual governo de Luiz Inácio Lula da Silva enfrenta dificuldades em compor maioria no Congresso e, nos últimos dois anos, não abordou temas como o orçamento secreto. O escândalo do INSS, que começou sob a gestão de Jair Bolsonaro, também trouxe desafios ao governo petista, que se viu novamente associado a desvios. Contudo, a recente união do Centrão e do bolsonarismo em torno da PEC da Blindagem oferece a Lula uma nova oportunidade de retomar a narrativa de combate à corrupção.
Os atos demonstraram um descontentamento crescente com a proposta de anistia e a blindagem de políticos. Apesar de alguns membros do PT e de outros partidos da esquerda terem apoiado a PEC, a mobilização popular pode fortalecer a posição de Lula, permitindo-lhe agregar a luta contra a corrupção às bandeiras de soberania e combate aos privilégios fiscais. Essa nova dinâmica pode ser crucial para a recuperação da popularidade do presidente e para a construção de uma agenda mais coesa no combate à corrupção.